17
11
a
31
12

 

(tempo) destempo

17 Novembro — 31 Dezembro 2022

 

:::

 

André Banha, Catarina Mil-Homens, Dalila Gonçalves, Edgar Massul, Miguel Ângelo Rocha e Rita Gaspar Vieira.

Curadoria de Ricardo Escarduça

 

:::

 

(tempo) destempo

«A história deve ter um começo, um meio e um fim, mas não necessariamente nessa ordem». Abatendo-se com estrondo sobre a narrativa cinematográfica, o aforismo revolucionador de Jean-Luc Godard pode relacionar-se, por aproximação, com a interrogação dos modos de usar a ideia de tempo, e da ideia de tempo ela-mesma, que rasgou uma fissura epistemológica no véu positivista da história da humanidade, e, em reciprocidade, da história da arte.

Suspendendo o recorte cronológico do tempo em fragmentos estáticos de contornos estanques, a edificação linear do tempo segundo uma ordem discursiva de sentido unidireccional, instalados pelo zeitgeist que salvaguarda os códigos epocais de validação e significação, surgem, a destempo, anjos-maus da história, acontecimentos fora do tempo que vêm perturbar o ideal que inscreve, e encerra, cada objecto, cada imagem, na cegueira da luz intrínseca à sua contemporaneidade. Diz-nos Georges Didi-Huberman: estar diante de uma imagem é estar diante do tempo; é abrir o seu leque, activar a fecundidade dos diferenciais de tempos que estão emaranhados nas profundidades de cada imagem, já que esta só é pensável através da dialética do anacronismo, das descontinuidades e sobrevivências que não só transporta como projecta além ou aquém da sua temporalidade. Pensar a história e o tempo através da imagem, através da arte, é romper o véu que firma um demasiado-no-presente ou demasiado-no-passado, e lançar as possibilidades de recomposição, movimentos de aproximações ao antes, um mais-do-que-o-passado, e de recuos do actual, um mais-do- que-o-presente. É des-cronologizar [1].

Não nos interessam as aspirações indesejáveis das narrativas pós-modernas a um suposto equilíbrio letárgico no fim do tempo e da história, o cúmulo universalista que, totalitariamente e paradoxalmente, amalgama o pluralismo, absorve a margem e neutraliza o potencial de mudança do conflito entre antagonismos. Não nos interessam os excessos subversivos das acelerações modernistas, a ideia de tempo e história necessariamente e exclusivamente enquanto salto radical, que cancela as anterioridades e as suas próprias contemporaneidades. Interessa-nos, sobretudo, a fissura dialética da des-cronologização, interessa-nos o destempo da fricção, colisão, intersecção de temporalidades antagónicas e anacrónicas.

Importa o potencial de sobredeterminação temporal activado pelas obras de Miguel Ângelo Rocha, Rita Gaspar Vieira, Dalila Gonçalves, Catarina Mil-Homens, Edgar Massul e André Banha, e pelos intervalos, ressonâncias, tangências e distâncias que o corpo encontra no espaço. Nos trabalhos reunidos em [tempo] destempo encontra-se uma abordagem formal que, nos materiais, processos e composições e nas preocupações e indexantes individuais, próprios a cada artista, torna sensível um olhar crítico comum sobre o pensamento do tempo e do presente: uma policronia constelar no interior de cada obra, uma montagem de temporalidades heterogéneas. Ocupam o espaço procurando o desacordo do fluxo do corpo entre obstáculos e proximidades, uma fenomenologia do tempo que acontece no descoser da ordem cronológica entre princípio e fim – o porvir que emerge de um caminho às arrecuas, um loop às avessas, por que não?

«Não existe presente, apenas um devir» [2] , o continuum de mudança perpétua que pode revolucionar os horizontes dos tempos. Este potencial de sobredeterminação procura perturbar a massa mole do presentismo esvaziado de legados pelo modernismo e de propósitos pelo pós-modernismo. O torpor do espectáculo, a apatia da incerteza, que confinam ao impasse de um aqui e agora que parece imóvel e eterno numa míriade de efemeridades Sísificas, e coloca o movimento entre um passado e um futuro e a experiência de um presente em crise, em conflito com a essência de algo vivo. Na verdade, estamos demasiado no presente. Perante este presentismo que nos amarra, importam as ausências e intermitências, as negatividades e invisibilidades nas noites dos tempos. [tempo] destempo está com o presente. Porém, não está no presente; é, antes, seu antagonismo, extemporaneidade discrónica do ser contemporâneo [3] . A sua contemporaneidade adere ao presente porque o estranha, porque persegue uma tensão. É sintoma de anacronismos num presente temperamental que tenta reconfigurações imagináveis do passado e do futuro. É necessário criar novas ficções, novas esperanças.

 

Notas:

[1] Estas ideias constam, de modo aprofundado, de Diante do tempo, história da arte e anacronismo das imagens, Georges Didi-Huberman (trad. Luís Lima), ed. Orfeu Negro (2017).

[2] Goethe citado em Apologia da história ou o ofício do historiador, Marc Bloch (trad. André Telles), ed. Jorge Zahar Editor Ltda (2002).

[3] Giorgio Agamben, «What is the contemporary?», em What is an apparatus?, and other essays, (trads.David Kishik e Stefan Pedatella), Stanford University Press (2009).

 

Ricardo Escarduça

Curador

 

:::

 

André Banha, (1980) Santarém. Vive e trabalha em Coruche. Licenciado em Artes Plásticas, pela Escola Superior de Arte e Design (ESAD), Caldas da Rainha em 2006. Destacam-se as seguintes exposições individuais: Playwood, Galeria Bessa Pereira, Lisboa, 2013; (re)visito(me), VPF Cream Art Gallery, Lisboa, 2013; A casa das duas portas, Biblioteca da FCT/UNL, Campus de Caparica, 2010; desenho, escultura, Academia de Artes dos Açores, 2008; Segurei-te o Pôr-do-Sol, VPF Cream Art Gallery, Lisboa, 2008. E, as seguintes exposições colectivas: WAIT, CCB, Lisboa, 2019; Vicente, Museu de Lisboa – Palácio Pimenta (Pavilhão Preto), 2019; Desencaminharte’18, Ponte de Lima, 2018;Caixa – considerações sobre o lugar, Convento de Cristo, Tomar, 2015; 17º Ciclo de Exposições Carpe–Diem Arte e Pesquisa, Palácio Pombal, Lisboa, 2014; 5.ª Edição LandArt Cascais, Quinta do Pisão, Cascais, 2013

Catarina Mil-Homens, (1979) Portugal. Mil-Homens é uma artista plástica e investigadora com uma prática artística multidisciplinar que se estende aos médiuns de desenho, instalação e vídeo. A sua pesquisa foca-se nas questões inerentes ao paradigma mente /corpo face à consciência. Mil-Homens participou em diversas exposições, das quais se destacam: Sobre a Lâmina, exposição a solo na Galeria na UMA LULIK__ , 2019, Intermater, Arcade Project Space, Melbourne, 2017; Precinct, Margaret Laurence Gallery, Melbourne, 2016; Who is Mr Favisar?, Trocadelo Gallery, Melbourne, 2015; The Age of Divinity, Plataforma Revólver, Lisboa 2013; Summer Calling, Sala do Veado Museu Nacional de História Natural, Lisboa, 2013 e Nem Sempre é a Direito, exposição a solo na Galeria Módulo, Lisboa, 2013.

 

Dalila Gonçalves, (1982) Castelo de Paiva (Portugal). Vive e trabalha no Porto. É licenciada em Artes Plásticas-Pintura (FBAUP 2005) e Mestre em Ensino de Artes Visuais pela FBAUP e FPCEUP (Universidade do Porto 2009). Foi artista em residência no Programme KulturKontakt, Viena, Austria (2017); na Residência Inclusartiz (Rio de Janeiro 2014); na Residência Pivô- Arte e Pesquisa (São Paulo 2018) e Fundación Marso, (México DF 2020). Expõe regularmente em instituições e galerias em diferentes países da Europa, da América do Sul e EUA. Países onde está representada em colecções públicas e privadas.

 

Edgar Massul, vive e trabalha em Lisboa e no Porto. Estudou na Escola António Arroio / atelier livre, com Pedro Morais. Na S.N.B.A. com João Vieira. No Ar.Co com Graça Costa Cabral, Sérgio Taborda, Francisco Rocha, Rui Sanches, Rolney Barreto e Ângela Ferreira. Recentemente o seu trabalho tem sido mostrado em diversos espaços, dos quais se destacam: Arte em São Bento 2020, Lisboa; Galeria Diferença, Lisboa; Wadden Tide, Dinamarca; Parque da Devesa, Vila Nova de Famalicão; 289, Faro; Electricidade Estética, Caldas da Rainha, British Bar, Lisboa; Casa da Cerca, Almada; Armazém 22, Vila Nova de Gaia; Fundação D. Luís, Pisão Cascais; Anozero, Bienal de Coimbra; Giefarte/Fundação Carmona e Costa, Lisboa, Galeria Trem, Faro, Whitechapel Gallery, Londres.

 

Miguel Ângelo Rocha, (1964) Lisboa. Vive e trabalha em Nova Iorque e Lisboa. É formado em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (1992). Entre 1994 e 1996, fez o Master of Fine Arts, na School of Visual Arts de Nova Iorque. Em 2002, ingressa como assistente na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Expõe com regularidade desde 1991 e, desde 1994, reside em Nova Iorque e em Lisboa. Realizou várias exposições individuais e colectivas no Museu do Chiado, em Lisboa; na Galeria Laure Genillard, em Londres; na Frieda and Roy Furman Gallery, Walter Reade Theater at Lincoln Center, em Nova Iorque; no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra; na Módulo – Centro Difusor de Arte, em Lisboa; no Hospital Júlio de Matos, em Lisboa; na Galeria Miguel Nabinho, em Lisboa, entre outras.

 

Rita Gaspar Vieira, (1976) Leiria. Vive e trabalha entre Leiria e Lisboa. Operando no campo do desenho e da tridimensionalidade, a obra de Rita Gaspar Vieira tem vindo a problematizar relações entre a memória privada e a comum coletiva de lugares habitados, destacando a relação entre as práticas quotidianas e os procedimentos artísticos que essas práticas constituem no seu trabalho, ao considerar a diferença criativa alcançada face à espectativa com que estas ações são desempenhadas. Entre os seus projetos recentes destacam-se exposições coletivas como: O desenho como pensamento (curadoria Sara Antónia Matos), Centro de Artes de Águeda, Portugal; Constelações III – uma coreografia de gestos mínimos (curadoria Ana Rito e Hugo Barata) e o ProjectoMAP 2010_2020, Mapa ou exposição (curadoria Alda Galsterer e Verónica de Mello); ambas no Museu Berardo; O Desenho Incerto. Cinco Leituras do Espaço, no Colégio das Artes, da Universidade de Coimbra, (curadoria Sérgio Fazenda Rodrigues) e a exp. individual: Com a mão cheia de pó – Gal. Belo Galsterer, Lisboa (curadoria Ana Rito), todas em 2020 e o projeto Vento – Comemoração dos 18 anos da Revista Umbigo.

 

Ricardo Escarduça, (Lisboa, 1975). Iniciou o Doutoramento em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra em Setembro de 22. É mestre em Estudos de Cultura, pela Universidade Católica, e engenheiro civil, pelo Instituto Superior Técnico. Trabalha de modo independente enquanto curador e autor de textos no âmbito das artes visuais. Colaborou com o Projecto Travessa da Ermida, nas vertentes de programação, produção e edição.

Publicado a 6 de Dezembro de 2022

29
09
a
5
11

 

Um enorme passado pela frente

29 Setembro — 5 Novembro 2022

 

:::

 

Denilson Baniwa, Jaime Lauriano, Jonathas de Andrade, Laryssa Machada, Lyz Parayzo, Mariana Lacerda & Joana Paraíso, Maré de Matos, Marilá Dardot, Pablo Lobato e Yuri Firmeza.

Curadoria de Cristiana Tejo

 

:::

 

Um enorme passado pela frente

Publicações como “Brasil: País do Futuro” (1941) do escritor judeu austríaco Stephan Zweig e “Brazil Builds: Architecture new and old 1652-1942”, de Philip Goodwin (1943), que acompanhou a exposição homônima no MoMA, ajudaram a construir um imaginário nacional e internacional a respeito da vocação do Brasil para o futuro. Em Portugal, importante ressaltar a presença destacada do país na Exposição do Mundo Português (1940) como um exemplo bem-sucedido da empreitada colonial lusa que estava a atingir a modernidade. Momentos históricos como a construção de Brasília e a emergência da Bossa Nova (final dos anos 1950 até meados dos anos 1960) e os governos Lula (2003-2011) corroboraram para essa percepção, mesmo ocorrendo entre recuos democráticos. O que tem ficado cada vez mais evidente desde a ascensão do Bolsonarismo é que o Brasil tem um enorme passado pela frente, como dizia o dramaturgo e desenhista Millôr Fernandes.

Desde a segunda década dos anos 2000, a sociedade brasileira tem enfrentado essa tarefa de reconhecer e encarar a persistência da colonialidade do poder/saber e artistas reverberam essa incumbência histórica em obras que constroem contra-histórias nacionais e ressaltam as lutas e as resistências dos grupos subalternizados do país. “Um enorme passado pela frente” toma a efeméride dos 200 anos de independência do Brasil e uma das eleições mais importantes da história brasileira como ponto de inflexão para repensar a persistência da estrutura colonial que se renova incessantemente, às custas dos mesmos massacres e extrativismos de outrora. As obras que compõem a exposição, portanto, apontam para a resistência e a reinvenção do povo brasileiro diante dos desafios de construir uma real democracia e um país para todos, além de denunciar a teimosia de uma ordem sócio-econômico-política que impede que a independência se constitua verdadeiramente.

Cristiana Tejo

Curadora

 

:::

 

Cristiana Tejo é curadora independente e doutora em Sociologia (UFPE). É pesquisadora do projeto Artists and Radical Education in Latin America: 1960s and 1970s financiada pela Fundação de Ciência e Tecnologia de Portugal e membro integrado do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa. Tem se dedicado a projetos que visam o intercâmbio internacional entre o Brasil e o Exterior, a profissionalização dos artistas e a pensar o campo da curadoria de arte no Brasil. Desde 2016 faz acompanhamentos críticos de artistas de várias partes do mundo. Organiza juntamente com Kiki Mazzuchelli a Residência Belojardim, no Agreste de Pernambuco e foi co-fundadora do Espaço Fonte – Centro de Investigação em Arte (Recife) espaço de residência que recebeu artistas e curadores da Alemanha, França, Espanha, Argentina, Porto Rico, Holanda, Portugal e de várias partes do Brasil.

 

Denilson Baniwa, (Barcelos, Amazonas, 1984) indígena do povo Baniwa. Atualmente, vive e trabalha em Niterói, no Rio de Janeiro. Como ativista pelo direito dos povos indígenas, realiza palestras, oficinas e cursos, atuando fortemente nas regiões sul e sudeste do Brasil e também na Bahia desde 2015.  Além de artista visual, Denilson é também publicitário, articulador de cultura digital e hackeamento, contribuindo na construção de uma imagética indígena em diversos meios como revistas, filmes e séries de tv. Em 2022, curou a exposição “Naokoada” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2021, apresentou a individual “Inípo – Caminho da Transformação” no Instituto Goethe, em Porto Alegre. Em 2018 realizou a mostra “Terra Brasilis: o agro não é pop!”, na Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense, também em Niterói, como parte do projeto “Brasil: A Margem”, promovido pela universidade. No mesmo ano, participou da residência artística da quarta edição do Festival Corpus Urbis, realizada no Oiapoque, no Amapá. Esteve em exposições no CCBB, Pinacoteca de São Paulo, CCSP, Centro de Artes Hélio Oiticica, Museu Afro Brasil, MASP, MAR e Bienal de Sidney. Em 2019 venceu o Prêmio Pipa na categoria online e em 2021 foi um dos vencedores indicados pelo júri.

 

Jaime Lauriano, (São Paulo, 1985) vive em São Paulo, Brasil. Graduou-se pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, no ano de 2010. Com trabalhos marcados por um exercício de síntese entre o conteúdo das suas pesquisas e estratégias de formalização, Jaime Lauriano convoca-nos a examinar as estruturas de poder contidas na produção da História. Em peças audiovisuais, objetos e textos críticos, Lauriano evidencia como as violentas relações mantidas entre instituições de poder e controle do Estado – como polícias, presídios, embaixadas, fronteiras – e sujeitos moldam os processos de subjetivação da sociedade. Assim, a sua produção procura trazer à superfície traumas históricos relegados ao passado, aos arquivos confinados, em uma proposta de revisão e reelaboração coletiva da História.

 

Jonathas de Andrade (Maceió, 1982) vive no nordeste do Brasil em Recife, uma cidade litorânea rica em contrastes, onde antigas construções coloniais se aninham no meio a modernos arranha-céus e onde o fracasso da utopia modernista tropical é uma realidade tangível. Antropologia, pedagogia, política e moral são as linhas de investigação seguidas pelo artista para narrar os paradoxos da cultura modernista. De Andrade reúne e cataloga imagens, textos, histórias de vida e material sobre arquitetura e, por meio da memória, monta uma narrativa pessoal do passado. “Eu mergulho nesse campo de lembranças”, diz o artista. “Este é um passado com o qual não tenho intimidade, visto como se fosse um território, um lugar para reencenar uma espécie de amnésia, uma pincelada muitas vezes violenta entre o hoje e o ontem. Não ser tocado por isso é o que me permite retrabalhar a natureza dessas imaginações. A arte me ajuda a me aproximar e responder ao que me provoca. Isso também me ajuda a experimentar mais plenitude ao longo do caminho.”

 

Laryssa Machada (Porto Alegre – RS 1993), é artista visual, fotógrafa e filmmaker. Atualmente vive em salvador – BA. Constrói imagens enquanto rituais de descolonização e novas narrativas de presente/futuro. Estudou jornalismo, ciências sociais e artes; aprendeu um tanto mais com a cadência bonita do samba. Os seus trabalhos discutem a construção da imagem sobre lgbt’s, indígenas, povo da rua – caminhando pela desinvasão brazil enquanto prática de educação visual.

 

Lyz Parayzo (Campo Grande, Brasil, 1994) é uma artista multidisciplinar que trabalha com audiovisual, joalharia, escultura e performance. Tem o corpo como principal suporte de trabalho e a sua performatividade diária como plataforma de pesquisa. Atualmente tem desenvolvido objetos para autodefesa que transitam de jóias em prata a armaduras, escudos e armas em alumínio e latão polido.

 

Maré de Matos (Governador Valadares, Brasil, 1987) artista transdisciplinar. Mineira, do Vale do Rio Doce. Graduada em Artes Visuais na escola Guignard (UEMG), Mestre em Teoria Literária (UFPE), atualmente desenvolve o projeto-pesquisa museu das emoções no Doutorado (USP). Exercita o tensionamento entre versão e verdade; história única e contra-narrativas polifônicas; poder e posição e quer incendiar esta configuração do mundo. Pesquisa representação e responsabilidade, imaginário e delírio da modernidade, invenção da raça e narrativa de si, subjetividade e pedagogias contra-coloniais. Atua em linguagens híbridas e os seus trabalhos situam-se, sobretudo, no vão entre os territórios da imagem e da palavra. Interessa-se pelo atlântico negro como processo formativo; pela revisão como princípio e pela poesia como ferramenta política de emancipação. Defende o direito à emoção de sujeitos negros privados do estatuto de humanidade.

 

Marilá Dardot (Belo Horizonte, 1973) é artista visual e Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Vive e trabalha na cidade do México. O trabalho da artista atravessa, entre outros pontos, a memória constituída pela cultura. Desde os trabalhos que lidam com livros, literatura e linguagem, até os que tratam de temas apagados da história por posições políticas, censura, género ou pelo tempo. Nos últimos anos Dardot tem constituído um grupo de trabalhos a partir da observação de narrativas históricas que passam por recorrências, sobreposições ou pela efemeridade das notícias.

 

Pablo Lobato (Bom Despacho, MG, Brasil, 1976) é um artista pós-guerra e contemporâneo. Vive e trabalha em Belo Horizonte, Brasil. Numerosas galerias e museus importantes, como a Galeria Luciana Brito, já apresentaram o trabalho de Pablo Lobato no passado. No arquivo de imprensa de artistas da MutualArt, Pablo Lobato é destaque no 6º Prémio Marcoantonio Vilaça, obra da Art Nexus em maio de 2017.

 

Yuri Firmeza (São Paulo, Brasil, 1982) sem um estilo ou uma marca visual característica, o principal topos do projeto de Yuri Firmeza, uma obra em andamento, é constituir um modelo político de artista nos termos da arte em estado de crise. O foco no programa crítico estrutura-se na variação dinâmica da intertextualidade (atrvés de performances, objetos, fotografias, vídeos, textos, livros e instalações). No caso de Firmeza, o termo “modelo” não significa a constituição de uma norma a ser seguida ou paradigmas a serem acompanhados; tampouco se reporta ao termo no original em italiano “modello”, um objeto a ser imitado. Modelo, no caso de sua arte, é a construção imaginária de um conjunto articulado de padrões de comportamento sobre um objeto específico, a arte, expostos ao debate. O artista é um ser constelar. Sintomaticamente, Yuri Firmeza designa frequentemente seu trabalho por “Ação”.

Publicado a 1 de Outubro de 2022

2
06
a
16
07

 

TENHO DE CONTINUAR, NÃO POSSO CONTINUAR, VOU CONTINUAR

2 Junho – 16 Julho 2022

 

:::

 

Ana Silva, Adriana Proganó, Fernando Marques de Oliveira, Paulo Brighenti, Rui Macedo, São Trindade. 

Curadoria de Victor Pinto da Fonseca

 

Outras pessoas, diferentes de nós, existem mesmo. — Susan Sontag.

Tenho de continuar, não posso continuar, vou continuar* é uma exposição com base no relacionamento aberto entre a arte contemporânea e o teatro e no conceito de alteridade, por mais diferentes que pensemos poder ser: procura de interação, encanto, esperança, inovação e audácia por vir!

(Há um papel para o teatro na Plataforma Revólver?)

Uma exposição com seis artistas (Adriana Proganó, Ana Silva, Fernando Marques de Oliveira, Paulo Brighenti, Rui Macedo, São Trindade) + uma ‘Aula Aberta’ de teatro e um camarim, fazendo surgir sete actores — encontram um espaço liminar algures entre arte contemporânea e artes cénicas, comum, para facilitar a participação dinâmica de diferentes públicos através de um ambiente imersivo. As artes plásticas e a performance teatral a coexistir, a acontecer ao mesmo tempo, no mesmo espaço [Plataforma Revólver].

(Sabes a diferença entre arte contemporânea e teatro?)

‘Aula Aberta’ com direção de São José Correia consiste na apresentação de monólogos de duração máxima de 10 minutos, por parte de sete jovens actores e estudantes de teatro (Catarina Ferreira, Dany Duarte, Diana Canha, Diogo Fernandes, Margarida Queiroz, Maria Miguel Oliveira, Lucas Dutra). Acreditamos ser um exercício inovador e extraordinariamente enriquecedor para o actor e para o espectador, não habituado a esta linguagem em espaços dedicados à arte contemporânea. Tendo em conta que o público habitual destes espaços é nómada, o grau de dificuldade, de empenho e concentração requerido será muito elevado. É, portanto, proposta a participação activa do espectador através de um ambiente imersivo, de teatro performativo.

(O que pode uma exposição fazer?)

Tenho de continuar, não posso continuar, vou continuar investiga e evidencia visões alternativas de programar arte e cultura contemporânea; pretende criar experiências muito dinâmicas intelectualmente e desafiar as nossas percepções — contando podermos olhar não apenas para a arte mas também para os outros. Parte de uma mentalidade cultural onde a intuição não está separada da política vigente do mundo. Nos últimos dois anos, muitos de nós pensámos sobre o que mais sentimos falta, e o que precisa de mudar para que possamos trabalhar em direção a um mundo que contém não algumas mas uma infinidade de vocações e vidas.

(Gostavas de ser uma máquina?)

É urgente revolucionar o sentir e o olhar, romper fronteiras, partilhar energias diferentes. Penso na liberdade de programar um espaço de arte contemporânea [Plataforma Revólver] com uma noção não exclusivamente de artes plásticas: de construir públicos que consigam lidar com contradições e energias totalmente diferentes, imerso em universos com características muito diferentes, para promover essa prática /sentimento tão necessário de alteridade.

(Queres ser de plástico?)

A exposição promove a possibilidade de nos encontrarmos fisicamente, de aproximar as pessoas e socializarmos num ambiente de arte e cultura contemporânea e de experienciarmos um ao outro.

Devemos aprender a ver mais, ouvir mais, sentir mais. Susan Sontag.

Como disse Alexander Donner, o grande director de museu no início do século XX: Se queremos entender as forças que são efectivas nas artes visuais, só podemos fazer isso se entendermos o que está a acontecer noutras disciplinas: na literatura, na música, na ciência, no teatro, na moda, na arquitectura.

(O que é que isto significa?)

Tudo junto torna-se uma grande expressão. Uma das funções da cultura é tornar-nos conscientes que outras pessoas (vocações, crenças e vidas) existem mesmo. Tenho de continuar, não posso continuar, vou continuar, é uma exposição trans-arte como identidade, se considerarmos que trans implica realmente algo relacionado com ‘para além de’; também desmonta hierarquias entre destintas disciplinas e géneros, entre arte e teatro ou música.

 

victor pinto da fonseca

*Samuel Beckett in O inominável

:::

 

Ana Silva (Calulo, Angola, 1979) é uma artista visual que explora de igual modo os seus sentimentos e a espiritualidade. Viveu em Paris entre 2000 e 2002, onde frequentou o curso de Verão da Carrousel du Louvre e completou os seus estudos em desenho e pintura na Ar.Co, Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa, em 2006. O seu trabalho tem sido exposto em várias galerias, como a Galeria Matos Ferreira, em Lisboa ou a This is Not White Cube, em Luanda. Foi também artista destacada na Expo 2015, em Milão. Em 2019, ganhou reconhecimento internacional quando foi selecionada pela exposição coletiva Filam(a)ant na Fundação Blanchere, em Apt, na França, juntamente com El Anatsui, Kyle Meyer, Marion Boehm, Abdoulaye Konate e Hassan Musa. Em 2019, foi selecionada como artista residente pelo projeto da Fundação de Arte AFRICANA, em Nova Iorque; em 2020 foi artista residente do Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, e fez parte da exposição coletiva de Africa 2020The Power Of My Hands.  Vive e trabalha entre Portugal e Angola.

 

 

Adriana Proganó (Lucerna, 1992), vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Artes Visuais pela ESAD, Caldas da Rainha, estudou pintura na Accademia di Belli arti di Venezia, Itália, e fez uma Pós Graduação em Artes Visuais também na ESAD. Desde 2018 que tem vindo a participar em exposições individuais e colectivas. Das exposições individuais destacam-se: Somos todos patos a querer ser cavalos, com curadoria de Filipa Oliveira, Casa da Cerca, Almada (2020); Oouups, Galeria Zé dos Bois, Lisboa (2019); BAD BEHAVIUOUR, com curadoria de Sara Antónia Matos e Pedro Faro, Galeria da Boavista – Galerias Municipais, Lisboa (2019). Das exposições colectivas destacam-se: Coleção Outono-Inverno, Bertrand Bookshop, Lojas com História – EGEAC, Lisboa (2021); Sonic Youth, com curadoria de Filipa Oliveira, Galeria Municipal de Almada, Almada (2019); Artists on the line, com curadoria de Carolina Trigueiros, Lisboa (2019); Umbigo, com curadoria de Ana Vidigal, Espaço Real, Lisboa (2019); I will take the risk, com curadoria de Carolina Trigueiros, Tomás Hipólito Studio, Lisboa (2019); LOCUS19, Lisboa (2018); Bienal de Cerveira, Vila nova da Cerveira (2018). Em 2022 Adriana é uma das finalistas do Prémio EDP Novos Artistas.

 

 

Fernando Marques de Oliveira (Porto, 1947) Frequentou a Escola de Belas Artes do Porto e a Academia de Watermael – Boitsfort de Bruxelas, cidade onde viveu. Em 1980 fundou no Porto a Galeria Roma e Pavia, uma das primeiras a divulgar arte contemporânea e que dirigiu até 1986. Conhecido nos últimos anos pela sua atividade em arquitetura de interiores e design, Fernando Marques de Oliveira é considerado um dos valores que contribuiu para a renovação do panorama artístico português no início da década de 80. Fez produção plástica em relevantes trabalhos cenográficos, nomeadamente para o Teatro Nacional D. Maria II e Associação Comercial do Porto. Encontra-se representado em diversas coleções públicas e privadas em Portugal e Espanha, nomeadamente, CAM – Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Coleção Câmara Municipal de Matosinhos; Museu Nogueira da Silva, Braga; Coleção Câmara Municipal do Porto; Fundação PLMJ, Lisboa; Coleção de Arte Moderna e Contemporânea Norlinda e José Lima, São João da Madeira.

 

 

Paulo Brighenti (Lisboa, 1968) Estudos de arte na Ar.Co onde lecionou de 2001-2014 e coordenou o Departamento de Desenho de 2008-2013.Co-fundador da escola MArt em 2013, onde lecionou e foi coordenador pedagógico até Dezembro 2019. Coordenador da Rama a partir de 2020. Expõe regularmente desde 1996. Prémio Desenho 2002 Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, Lisboa. Representado em diversas coleções institucionais e privadas, nacionais e internacionais. Representado pela Galeria Pedro Oliveira, Porto e pela Galeria Belo-Galsterer, Lisboa.

 

 

Rui Macedo (Évora, 1975) Doutor em Pintura pela FBAUL (bolsa I&D – FCT). Expõe com regularidade desde 2000. Destacam-se as mais recentes exposições individuais: Lacunas, Fissuras e Outros Fingimentos no Projecto Travessa da Ermida, curadoria de João Pinharanda (Lisboa, 2021); Sfumato na Tabacalera curadoria de Begoña Torres (Madrid, 2019); (In)dispensável ou a Pintura que inquieta a coleção do Museu no Museu Nacional de Arte Contemporânea, curadoria de Emília Ferreira (Lisboa, 2019); (Land)Scaping Normative Thinking na Fundação Millenium BCP curadoria de Raquel Henriques da Silva (Lisboa, 2017) e In Situ: Carta de Intenções no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (Brasil, 2015). Recebeu as Bolsas de Apoio ao Projecto Artístico/Artes Visuais atribuídas pela Fundação Calouste Gulbenkian para as exposições Caleidosco?pio (2012, Viseu), Mnemosyne (2013, Rio de Janeiro), Pie?ge (2017, Porto Alegre, Brasil), Sfumato (2019, Madrid) e pela Promoción del Arte/Ministerio de Cultura y Deporte para a instalação Un cuerpo extraño (2013, Madrid).

 

 

São Trindade (Coruche, 1960) licenciada em pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Tem desenvolvido um trabalho biográfico e de autorrepresentação na área da fotografia, onde cruza várias áreas e técnicas: pintura, escultura, desenho e colagem. Últimas exposições individuais: Dead Inside, Quarto 22, Colégio das Artes, Coimbra, 2015; New Places, Old Bones, VPF cream art galery, Lisboa, 2014; the tailor, VPF gallery, Lisboa, 2010. Algumas exposições colectivas: La Vie Invisible, CPIF (Centre Photographique D’Ile de France, Paris, 2022; Fotoutopia: construções imaginárias, Fábrica das Palavras, Bienal de Vila-Franca de Xira, 2021; Construir Pontes, Imago Festival, Museu da Água Lisboa Verde, 2019; O que eu sou eu; MAAT, Lisboa, 2017; Edita: secuencia/sentido, Centro Galego de Art Contemporánea; Santiago de Compostela, Espanha, 2015; Fronteiras do Género, Encontros da Imagem, Braga 2009; Metamorfoses do real, Encontros da Imagem, Braga 2004. Publicações: Bad liver and a broken heart; Ghost editions; Lisboa 2012. Dead Inside, Ed. Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, 2017. All This Green Makes Me Tired; Ghost editions; Lisboa 2021. Está representada em várias coleções. Vive e trabalha em Lisboa.

Publicado a 3 de Junho de 2022

9
04
a
20
05

SYNCHRONICITY | UMA EXPOSIÇÃO DE PARTILHA

9 Abril – 20 Maio 2022

 

:::

 

Pedro Cabral Santo apresenta novas obras, convidando ainda cinco artistas atuando de forma independente: Joana Sá, João Timóteo, Luís Alegre, Rafael dos Santos, Susana de Medeiros.

A exposição pretende ser uma doce utopia, uma simples ideia disfarçadamente complexa, mas empenhada em atingir a perfeição, como uma droga dura, um puro ato religioso, uma desesperada atitude de consumo de um valor absoluto.

Synchronicity é pois uma exposição que tem em conta o tempo ecológico contemporâneo, que implica, nomeadamente, o nosso papel como artistas em torno de problemas tão presentes como aqueles que dizem respeito à situação reinante nas nossas sociedades atuais – problemas relacionados com o uso da tecnologia em todas as suas vertentes, desde o aparecimento de fenómenos ligados às Cinturas Urbanas, à falta de Atenção e Objetividade, à Mutilação e Banalização do Olhar, a exploração da Assertividade e no final o que nos sobra de Humanidade.

Pedro Cabral Santo

 

:::

 

Pedro Cabral Santo (Lisboa, 1968) é licenciado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e doutorado em Belas-Artes (especialidade Imagem) pela mesma Faculdade. Atualmente, é professor Auxiliar na Universidade do Algarve, onde lecciona na Licenciatura de Artes Visuais, da qual é também o diretor. Foi também vice-diretor do doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes (2015-2019). Em paralelo, nos últimos 20 anos, tem vindo a desenvolver as atividades de artista plástico e comissário de exposições, destacando-se os eventos Tilt (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa), O Pedro e o Lobo (Museu do Neo-realismo, Vila Franca de Xira), Il Communication (com Carlos Roque, Sala do Veado, Lisboa), X-Rated/Autores em Movimento (Galeria ZDB, Lisboa), O Império Contra-Ataca (co-comissariado, Galeria ZDB/Institulo La Capella (MACBA), Lisboa e Barcelona), Fernando Brito 1983-2010 (Centro Cultural Vila Flor, Guimarães) e Manuel Vieira – CASA (Cordoaria Nacional, Lisboa). Recentemente expôs no Museu do Chiado (2011) a obra Sem Dó, com Ré (homenagem a Sá de Miranda), trabalho incluído nas comemorações dos painéis de São Vicente de Nuno Gonçaves, realizado em parceria com a artista Lula Pena e o projecto (triptico) Unconditionally (Colégio das Artes, Coimbra), Absolutely (Plataforma Revólver, Independent Art Space, Lisboa) e Unforeseeable (Ruínas de Milréu, Estói, Faro).

 

Joana Sá nasceu em Mirandela em 1993. Passou grande parte da sua vida em Faro, cidade onde completou os seus estudos na Licenciatura em Artes Visuais e na Pós-Graduação em Artes Visuais e Performativas na Universidade do Algarve. Atualmente reside e trabalha no Porto, local onde se formou no Mestrado em Artes Plásticas – Especialização em Desenho na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com o projecto «Lapso: o desvio na imagem.». Pertence à Associação 289, colectivo de artistas que promove eventos de arte contemporânea na região do Algarve. Participou em várias exposições desde 2013, a destacar a “Octagonal” na Galeria Trem em Faro (2017), a “289 – Um Projecto de Pedro Cabrita Reis” na Associação 289 em Faro (2018) e a “Noroeste- Sudeste: Novas Perspetivas em Desenho” na Fundação Júlio Resende: No Lugar do Desenho no Porto (2019). O trabalho de Joana R. Sá desenvolve-se em torno do desenho, explora temas como o desvio, o gesto e a memória, conceitos que deram origem a metáforas entre o Homem e a máquina; o desenho e o código, o orgânico e o mecânico.

 

João Timóteo (Lisboa em 1992) licenciou-se em Design Industrial na ESAD.CR e concluiu o curso de intervenção em película 16mm no ANIM (ArquivoNacional de Imagem em Movimento). Faz parte do coletivo artístico POGO, onde coordena um projecto artístico anual desde 2021 (Projecto QXT.PT, inspirado em D.Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes). Colaborou como responsável técnico e editor vídeo em inúmeras exposições artísticas. O percurso de João Timóteo é predominado pela exploração de meios digitais (vídeo, animação digital, live-streaming etc.), numa prática equidistante entre o cinema, a pintura e mesmo a literatura, assumindo nenhuma, antes a sua singularidade híbrida. Tem apresentado o seu trabalho ao público com alguma regularidade, em instalações e performances onde os meios e suportes utilizados, sobretudo digitais, são submetidos a processos idiossincráticos e de carácter íntimo.

 

Luís Alegre é formado em Pintura e doutorado em Design. Vive e trabalha em Lisboa, desenvolvendo trabalho artístico e de design, bem como editor e professor.  Desde a segunda metade dos anos 90 desenvolve projectos que cruzam múltiplas disciplinas, relacionando o design, a pintura, o vídeo, a edição/publicação de livros de artista e instalações. Foi professor nos cursos de Licenciatura em Cinema, Fotografia e Cinema de Animação na Universidade Lusófona de Lisboa até Fevereiro de 2014, e professor no Mestrado de Design Multimédia na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Coimbra (Colégio das Artes) até Setembro de 2016. Director criativo da Ideias com Peso, atelier de comunicação; director de arte do grupo editorial LeYa (área escolar);  Editor da Stolen Books – Independent Book Publisher; Director do DELLI (Design Lusófona Lisboa); Director da Licenciatura em Design de Comunicação da ULHT, Film and Media Arts Department. Investigador e vice-director do Center for Other Worlds.

 

Rafael dos Santos (Lisboa, 1998) Enquanto frequenta o curso de Cinema da António Arroio, funda a banda Moon Preachers, em 2016, lança dois registos e apresenta-se ao vivo até 2019. Frequenta e abandona o Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, seguindo-se a Escola Superior de Teatro e Cinema, no curso de Design de Cena onde embarca no estudo e na feitura das artes de e com um punho performativo. Participa em pontuais exposições colectivas desde 2017 e a partir de 2020 integrou a programação de alguns festivais e mostras de cinema com Sábàtina, estreado no Festival Indie Lisboa. Utiliza os médiuns, as ideias e a observação como forma de questionar, perfurar e ironizar a forma, o tema, o espaço, o pensamento, as imagens. Não há limites. A pintura, a escultura, o desenho, o cinema, o som, a performance, a escrita, o teatro, são formas de responder aos estímulos propostos por tudo; por todos; pela vida.

 

Susana de Medeiros Licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra e em Artes Plásticas pela ESAD_CR, é também bacharel em Belas Artes – BA Fine Arts (Hons) – pela Universidade de Nottingham Trent, Nottingham, Inglaterra. Frequenta atualmente o doutoramento em Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Frequenta várias formações na área do movimento e da dança contemporânea – com Clara Andermatt, Filipa Francisco, Madalena Vitorino, Vera Mantero, Silvia Real. Na área da cerâmica destacam-se as formações no C.R.A.T, Porto, na Oficina de Angra, Angra do Heroísmo, Terceira, Açores (em parceria com o AR.CO e a Universidade de Boston), e no âmbito de uma Bolsa do programa europeu Grundtvig, um curso, organizado pela Artists’ Union of Latvia, que funcionou parcialmente nas instalações do Departamento de Cerâmica da Academia de Belas Artes de Riga, na Letónia. Leciona desde 2007 no ensino universitário, na Licenciatura em Artes Visuais (FCHS) da Universidade do Algarve. Artista multidisciplinar (desenho, escultura, vídeo, fotografia e instalação) na sua prática artística tem vindo, nos últimos anos, a abordar o território como um laboratório e levantar questões sobre a construção da ideia de natureza. Entre os locais onde desenvolveu projectos como artista plástica destacam-se Cuenca (Espanha), Maputo (Moçambique), Nottingham (Inglaterra), Nova York (E.U.A.), São Petersburgo (Rússia) e vários locais em Portugal.

Publicado a 6 de Abril de 2022

20
11
a
29
01

NO PAST NO FUTURE: THE PRESENT IS LOOPED

20 Novembro – 29 Janeiro 2022

 

Ana Leonor Madeira Rodrigues, Anabela Soares, Cláudia R. Sampaio, Inês Brites, Mariana Gomes, Miguel Branco, Paulo Quintas, Pedro Cabral Santo, Suzy Bila

Curadoria de Victor Pinto da Fonseca

 

:::

 

O meu campo, diz Goethe, é o tempo.

Desde as suas origens a arte tem sido o elemento regulador entre um antes e um depois. Mas, “no past no future – the present is looped”, não trata de dissertar sobre o tempo, antes pretende recordar como a arte pode dar uma forma alternativa de reflectir mais integrada, de encontro, que permite oferecer soluções de igualdade na diferença. E como a arte pode ajudar a estimular a empatia social e afectiva. A arte e só a arte, diz Nietzsche, resta-nos a arte para não morrermos de verdade.

E é bem isso a arte.

“no past no future – the present is looped” não está interessada em subordinar a arte a um moralismo; todo o contexto histórico da arte é muito complexo: nenhum significado é irrefutável. Mas, numa época em que a cultura é totalmente mediada por tecnologias de informação e microelectronica, por meio de computadores pessoais, internet e e-mail, novos medias, que estão a criar mudanças na dinâmica da arte, modificando, por consequência, as experiências estéticas tradicionalmente clássicas — Em contramão do conceito new media, dos ambientes multimedia, caracterizados por ambientes que envolvem o espectador em experiências multi-sensoriais, “no past no future – the present is looped”, procura uma experiencia de ‘percepção estética’ que é um dos legados da Alta Arte; ao mesmo tempo, a exposição investe em lugares muito particulares, entre arte e craft, entre arte e também a interioridade da saúde mental, entre arte e diáspora africana. (Se o discurso eurocêntrico molda a história de arte portuguesa e a imaginação dela, o que acontece com a arte contemporânea da diáspora negra?)

Além disso, é privilegiando a diversidade e a inclusão, que fica claro que podemos quebrar com as convenções que permanecem dominantes: Essa liberdade superior, de reverter a perspectiva canónica, é exactamente o espaço que “no past no future” tenta representar: E, uma forma de fazer isso, é incluir e dar poder de reconhecimento a artistas sub-representados (um universo inesgotável em quantidade) dentro do cânone convencionado da arte contemporânea, colocando-os no centro, ao lado de artistas dos mais conhecidos e bem representados em galerias, coleções privadas, museus e instituições.

“no past no future – the present is looped” relaciona artistas pouco visíveis (ou difíceis de encontrar sem alguma pesquisa), como a Suzy Bila, a Ana Leonor, e ceramistas contemporâneas como a Anabela Soares e a Claudia R. Sampaio, com artistas com bastante visibilidade e bem referenciados como o Miguel Branco, o Pedro Cabral Santo, o Paulo Quintas, e as muito jovens Mariana Gomes e Inês Brites; a exposição permite criar dinâmicas distintas; mas que todos esses diferentes estilos e sensibilidades seja o prazer de encontrar/ descobrir uma exposição acima de tudo baseada no conceito intencional que a arte em todos os lugares se faz mais de diversidade do que de homogeneidade. Com efeito, são menos as conclusões idênticas que fazem as inteligências parentes do que as contradições que lhes são comuns. O mesmo acontece com a arte e com a criação.

 Victor Pinto da Fonseca

 

:::

 

Ana Leonor Madeira Rodrigues vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Artes Plásticas, Pintura, (ESBAL), durante um semestre assiste às aulas práticas de Anatomia na Faculdade de Medicina no Campo de Santana de que resulta a 1º exposição individual de desenho. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em Munique, onde frequenta a Akademie der Bildenden Kunst. É doutorada em Arquitectura, Comunicação Visual, com a tese: “O Desenho, Ordem Estruturante e Universalizante do Pensamento Arquitectónico”. É Professora Catedrática da FA-ULisboa. Expõe regularmente desde os anos 90. O trabalho, como artista, coloca-se na fronteira de diferentes áreas do conhecimento, usando hipóteses científicas que são alteradas e transformadas poética e ironicamente em possibilidades plásticas.

Anabela Soares (Anadia, 1969) começou no atelier de arte do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL) em 2013. A sua escultura “Urso” integrou a exposição coletiva Deslocado (2015) no Pavilhão 31 (CHPL) em Lisboa, com diversos artistas brasileiros, como Alexandre Baltazar e Rafael Uzai. No mesmo local teve diversas esculturas na exposição coletiva Entrevista (2016) com Emir Kusturica. Fez parte das exposições coletivas Insubordinar (2019) no Espaço Fidelidade Chiado8 Arte Contemporânea e Incómodo (2020) no Museu Municipal de Faro. Teve a sua primeira exposição individual Os Monstros na Casa Família Oliveira Guimarães em Penela (2019), seguida de O dia em que perdi o pé (2020), no Museu Bordalo Pinheiro em Lisboa. Em 2021, esteve exposta no Museu de São Roque, em Lisboa, integrada no projeto coletivo O Outro como epifania do belo. É co-autora dos vídeos-arte “Arte” e “Pátio das Emoções”. Está presente em diversas coleções privadas de arte. É representada pelo MANICÓMIO desde 2018.

Cláudia R. Sampaio (Lisboa, 1981) estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, tendo sido guionista em cinema e televisão, mas neste momento dedica-se apenas à escrita e à pintura. Tem seis livros de poesia publicados até ao momento: Os dias da corja (2014), A primeira urina da manhã (2015), Ver no escuro (2016), 1025mg (2017), Outro nome para a solidão (2018) e Já não me deito em pose de morrer (2020). Colaborou em várias revistas e antologias de poesia e escreveu um texto para teatro a convite da Culturgest no âmbito da 10ª edição do festival Panos (2017). Está também publicada no Brasil. Foi uma das poetas portuguesas convidadas para a Feira do Livro de Guadalajara, México, em 2019. Os seus quadros marcaram presença em 2020 na Outsider Art Fair, em Nova Iorque, e na exposição coletiva Incómodo, no Museu Municipal de Faro. Está em diversas coleções particulares. Cláudia R. Sampaio é representada desde 2018 por MANICÓMIO, estrutura dedicada à arte e saúde mental que tem como missão a capacitação e reinserção psicossocial e profissional de pessoas com experiência de doença mental.

Inês Brites (Coimbra, 1992) vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e estudou no KASK: Conservatorium & School of Arts em Ghent, na Bélgica. Desde 2015, participa em vários projectos e exposições, nomeadamente: Dear Image Part II na 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa (2020); White Safari Tent — com Aled Simons, na G39 em Cardiff, UK (2020); Se o Fio Partir, Veremos o Corpo Seguir em Linha Recta — com Tânia Geiroto Marcelino, no Ciclo de Amizades — projecto de parcerias no seu próprio atelier, Lisboa (2020); O Stand 1.1 — com Sara Mealha, n’O Stand Project, Lisboa (2020); Reality Check, no Las Palmas Project, Lisboa (2019); Feeling Blue, curadoria de Carolina Quintela, no Espaço Real, Lisboa (2019); Aguadilha — com Lea Managil, no Ciclo de Amizades, Lisboa (2019); Estrela Decadente #49, curadoria de Ana Cachola e Xavier Almeida, no Desterro, Lisboa (2019); Pausa, curadoria de Pedro Batista, no Esqina Cosmopolitan Lodge, Lisboa (2019); Tu Não Viste Nada, curadoria de Tiago Baptista, no Duplex AIR, Lisboa (2019); Mellifluous Elephant, curadoria de Francisca Aires Mateus, na Casa da Dona Laura, Lisboa (2019). A sua obra integra a coleção Norlinda e José Lima, bem como outras coleções privadas em Portugal.

Mariana Gomes (Faro, 1983) vive e trabalha em Lisboa, Portugal, e é formada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Portugal. Em 2011 foi distinguida com menção honrosa pelo Prémio Fidelidade Mundial – Jovens Pintores 2011. Das exposições que realizou destacam-se: ‘Solilóquio’ (2020), Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa; “Canhota” (2019), Curadoria de Bruno Marchand, Fundação Carmona e Costa, Lisboa; Quote / Unquote. Between Appropriation and Dialogue, curadoria de Gabriela Vaz Pinheiro, Galeria Municipal do Porto, Porto, MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, Lisboa (2017); Romanian Dances, Galeria Baginski, Lisboa (2017); Bollocks, curadoria de Bruno Marchand, Appleton Square, Lisboa (2016); 10º Prémio Amadeu de Souza-Cardoso, Museu Municipal Amadeu de Souza-Cardoso, Amarante (2015); Breviário, Galeria Fernando Santos, Porto (2014); Stop Making sense!, com curadoria de João Pinharanda, Fundação EDP, Lisboa (2013); X Tentativas, Galeria Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa (2009). O trabalho de Mariana Gomes encontra-se representada em várias colecções privadas e em colecções públicas como a Colecção de Arte Contemporânea da Fundação EDP e a Colecção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian.

Miguel Branco (Castelo Branco, 1963) vive e trabalha em Lisboa. Estudou na FBAUL. Lecciona no Ar.co, escola onde foi Responsável pelo Departamento de Desenho e Pintura de 1994 a 2018. A sua prática está intimamente ligada à Pintura, à Escultura e ao Desenho e a uma forte ligação à História da Arte como fonte principal de referência para o seu trabalho. As suas imagens, aparentemente clássicas e fazendo uso de materiais tradicionais, são primeiramente trabalhadas digitalmente na construção de modelos que são posteriormente transformados, fragmentados, e multiplicados em inúmeras variações seguindo princípios de repetição e diferença. A sua prática está enraizada numa tradição pós-conceptual, de apropriação, deslocamento, descontextualização, em que os elementos são esvaziados dos seus conteúdos iniciais, produzindo imagens desconexas, irónicas, por vezes inquietantes. Destacam-se no seu percurso exposições na Gallery P.P.O.W. Nova Iorque; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Pavilhão Branco, Museu da Cidade, Lisboa; Galerie Jeanne Bucher Jaeger, Paris; MUDAM, Musée D’Art Moderne Grand Duc Jean, Luxemburgo; Musée de la Chasse et de la Nature, Paris, França; Galeria Paule Anglim, São Francisco, EUA; entre outras. Está representado nas principais colecções nacionais e em várias colecções europeias e norte americanas. É representado em Portugal pela galeria Pedro Cera.

Pedro Cabral Santo (Lisboa, 1968) é licenciado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e doutorado em Belas-Artes, especialidade Imagem, pela mesma Faculdade. Atualmente, é professor Auxiliar na Universidade do Algarve, onde leciona na Licenciatura de Artes Visuais, da qual é também o diretor. Foi também vice-diretor do doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes (2015-2019). Em paralelo, nos últimos 20 anos, tem vindo a desenvolver as atividades de artista plástico e comissário de exposições, destacando-se os eventos Tilt (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa), O Pedro e o Lobo (Museu do Neo-realismo, Vila Franca de Xira), Il Communication (com Carlos Roque, Sala do Veado, Lisboa), X-Rated/Autores em Movimento (Galeria ZDB, Lisboa), O Império Contra-Ataca (co-comissariado, Galeria ZDB/Institulo La Capella (MACBA), Lisboa e Barcelona), Fernando Brito 1983-2010 (Centro Cultural Vila Flor, Guimarães) e Manuel Vieira – CASA (Cordoaria Nacional, Lisboa). Recentemente expôs no Museu do Chiado (2011) a obra Sem Dó, com Ré (homenagem a Sá de Miranda), trabalho incluído nas comemorações dos painéis de São Vicente de Nuno Gonçaves, realizado em parceria com a artista Lula Pena e o projecto (triptico) Unconditionally (Colégio das Artes, Coimbra), Absolutely (Plataforma Revólver, Independent Art Space, Lisboa) e Unforeseeable (Ruínas de Milréu, Estói, Faro).

Suzy Bila (Maputo, 1974) tem dedicado a sua vida a investigar a inclusão das diferentes linguagens das crianças no desenvolvimento do seu currículo desde a creche, considerando a arte como uma ferramenta essencial ao desenvolvimento do pensamento das crianças. Em 2020/ 2021 implementa o seu projeto de doutoramento “Processo Criativo e Espaço Potencial de Ressignificação das Vivências de Crianças e Jovens em situação de negligência social” numa Unidade de Intervenção Familiar da SCML – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O projeto está vinculado à Universidade de Lisboa e à Universidade do Porto através das suas Faculdades de Belas Artes e Instituto de Educação (FBAUL, FBAUP e IE). Participa, desde 2011, em diferentes conferências e escreve vários artigos no âmbito da Educação Artística, colaborando com a Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI), e com o Centro de Investigação e Estudos de Belas Artes (CIEBA). Já em 2021, é editado o seu primeiro livro “Lamura”, uma crítica sobre a exploração infantil.

Publicado a 20 de Novembro de 2021

25
09
a
15
11

comunidade

25 Setembro – 15 Novembro 2021

 

Luísa Abreu, Maria Bernardino, Armanda Duarte, Luísa Cunha, Cristina Regadas, Lauren Moya Ford, Andreia Coutinho, Melissa Rodrigues, Mariana Pinho, Dylena (Diogo Lança Branco e Helena Ribeiro), Catarina Real, Gulherme Raj, cooperativa Rizoma, Ana Luísa Janeira, Escola da Procrastinação, Escola do Reparar, E.S.C.O.L.A.S, Mariana Desidério, José Costa

 

Curadoria de Catarina Real

 

:::

 

A comunidade conta com as obras em permanência de Luísa Abreu e Maria Bernardino, Armanda Duarte, Luísa Cunha, Cristina Regadas e Lauren Moya Ford, Andreia Coutinho, Melissa Rodrigues com o Colectivo Chá das Pretas e Mariana Pinho. Será vivida em registo de residência artística por Diogo Lança Branco e Helena Ribeiro (Dylena) em articulação com a colaboração da Cooperativa Rizoma. A activação deste encontro orquestrado por Guilherme Raj e Catarina Real tomará a forma de conversa de apresentação da cooperativa, conversa em torno do conceito de rizoma com Ana Luísa Janeira, workshops – de fermentados e de linguagem inclusiva -, e assembleia final Dylena-Rizoma.

Durante a exposição acontecerá um encontro de escolas cúmplices; Escola da Procrastinação; Escola do Reparar e Escolas assim como uma conversa com a trancista e investigadora Mariana Desidério. Acontecerá também uma Oficina orientada por José Costa intitulada “Terras Caídas”, de participação livre mediante inscrição via e-mail: plataformarevolver@gmail.com

Esta exposição viva tem a curadoria de Catarina Real.

A ideia de comunidade vem simultaneamente dos campos da Sociologia e da Ecologia, onde, no primeiro serve, idealmente, o lugar das relações baseadas nos sentimentos como a amizade ou boa vizinhança, em contraste com com as relações baseadas em interesses, económicos ou políticos. Já na segunda, é uma referência à totalidade dos organismos vivos que pertencem a um ecossistema determinado e às suas componentes e propriedades. Estrutura, fluxos, diversidade, processos são palavras que fazem parte deste vocabulário, assim como entram no vocabulário do fazer artístico. Assim, esta exposição toma as obras e as pessoas participantes como produtoras de discurso que inflectem sobre o tecido da realidade num fenómeno de dupla reflexão, salientando o seu poder de apresentação de alternativas, o que contribuirá para a retirada do objecto do lugar passivo para o colocar no lugar político activo de pensar: como melhor formar comunidade?, como assimilação do comum mas igualmente como agregação de vida e seus funcionamentos.

 

Curadoria Catarina Real

 

:::

 

PROGRAMA

 

Colaboração Rizoma:

1 Outubro,17h30 – Apresentação da Cooperativa Rizoma
08 de Outubro,17h30 – conversa com Ana Luísa Janeira sobre o conceito de rizoma
15 de Outubro, 17h30 – Workshop de Linguagem Inclusiva com Shane
29 de Outubro,17h30 – Workshop de Fermentados com Hugo Dunkel*
12 de Novembro, 17h30 – Assembleia Rizoma – Dylena para pensar-junto o desperdício, existência e re-existência

Encontro de Escolas Cúmplices:

7 Outubro, 17h00 – Escola do Reparar
21 de Outubro, 17h00 – E.S.C.O.L.A.S.
04 Novembro,17h00 – Escola da Procrastinação

Oficina Terras Caídas – orientação José Costa*:

09 Outubro, 15-18h
16 Outubro, 15-18h
23 Outubro, 15-18h
30 Outubro, 15-18h

Conversas:

14 de Outubro, 17h30 – Conversa com Mariana Desidério, Andreia Coutinho e Melissa Rodrigues

 

*Os workshops e as oficinas estão sujeitos a inscrição prévia mediante envio de email para plataformarevolver@gmail.com

 

As oficinas são limitadas a um número máximo de 10 participantes, a partir dos 10 anos de idade.

 

:::

 

Biografias

Luísa Abreu (Amarante, 1988) vive e trabalha no Porto. É co-fundadora do Núcleo de Investigação PARALAXE – um projeto de criação e investigação entre a prática artística e a investigação científica. Integrando o painel de investigadores do i2ADS da FBA UP. É programadora e artista com o coletivo Rua do Sol com quem gere o espaço independente Galeria do Sol, no Porto. Colabora recentemente com Maria Bernardino no projeto Didático Obscuro, sobre o jogo enquanto prática artística.

 

Maria Bernardino (Macau,1992) vive e trabalha em Lisboa. Estudou na ESAD-CR de Caldas da Rainha e no Ar.Co. Desde 2013 tem exposto o seu trabalho regularmente e participado em diversas residências artísticas. O seu trabalho utiliza diferentes médiuns, tais como o desenho, a escultura, o vídeo, e mais recentemente a escrita. Interessa-se por diferentes assuntos como: o poder mágico apreendido de diferentes povos e culturas, métodos terapêuticos e formas alternativas de encontro com o outro. De momento encontra-se a colaborar com a artista Luísa Abreu no projeto Didático Obscuro, projeto onde as artistas questionam o ato de jogar e o jogo enquanto prática artística.

 

Armanda Duarte (Praia do Ribatejo,1961). Licenciada pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, cidade onde vive e trabalha. Em 1996 e 2006 foi apoiada pela Fundação C.Gulbenkian e, em 2001 pela Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento. Expõe, com regularidade, individual e coletivamente, desde finais dos anos 80 do século passado. A exposição individual mais recente, Abafador, decorreu no Sismógrafo, Porto, em 2019.

 

Cristina Regadas vive e trabalha no Porto. O seu trabalho explora o conceito de tempo a partir da fotografia, da matéria orgânica, dos arquivos de imagens e da memória. Através da recolha e apropriação de elementos oriundos destes sistemas, Cristina Regadas justapõe e cria sedimentações de objetos que procuram compor narrativas histórico-poéticas paralelas do passado e do presente.

 

Lauren Moya Ford é artista e escritora sediada em Austin, Texas. Expôs em diversos espaços artísticos em Houston, Madrid, Montreal, Filadélfia, Porto e Tóquio. Os seus textos foram publicados na Apollo, Art Papers, BOMB Magazine, Flash Art, Frieze, Hyperallergic, Mousse Magazine, entre outras, e em catálogos de exposições nos Estados Unidos, Espanha e Portugal.

 

Andreia C. Coutinho (1986) é ilustradora e mediadora/arte-educadora. É licenciada em Pintura pela FBAUL(2009) e Master of the Arts em Ilustração pela Kingston University (2015). Autora da zine Hair (SapataPress 2018) e colaboradora de vários projetos de publicação independente em Portugal. Trabalha em museus desde 2010 e é um dos membros fundadores do colectivo de activismo curatorial Coletivo Faca.

 

Mariana Pinho estuda plantas, humanos e semiótica.

 

Melissa Rodrigues vive no Porto é performer, arte-educadora, curadora e ativista. É pós-graduada em performance pela FBAUP, licenciada em Antropologia pela FCSH-UNL e tem formação em Artes Performativas – Formação Intensiva Acompanhada, F.I.A. – , pelo c.e.m. em Lisboa. Enquanto investigadora nestas áreas da Performance e Cultura Visual tem desenvolvido pesquisa em Imagem e Representação do Corpo Negro em colaboração com artistas visuais, cientistas sociais e performers.  Participa frequentemente em projetos colaborativos e interdisciplinares que relacionam arte, experimentação e ativismo.
cabelo, é uma performance colaborativa criada com o coletivo Chá das Pretas em 2017 no Porto.

 

Diogo Lança Branco (Lisboa, 1993). Com formação académica em pintura, na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, prosseguiu o desenvolvimento do seu trabalho maioritariamente focado em pintura e desenho até ao momento presente, agora pesquisando as interligações entre (e dentro) das artes visuais, plásticas, da escrita e uma aproximação mais recente ao estudo e integração de movimento e dança nos seus projetos.

 

Helena Falcão (Porto, 1995). Licenciada em Estudos Gerais, pela FLUL. A meio do curso de Licenciatura, dedicou um semestre a um estágio de investigação no centro em movimento (c.e.m). Depois de um mestrado em Comunicação e Artes, segue estudando possibilidades de encontro.

 

Luísa Cunha (Lisboa, 1949). Curso Avançado de Escultura no Ar.Co., Lisboa. Expõe desde 1993. As suas exposições individuais incluem entre outras, O material não aguenta, Atelier Museu Júlio Pomar; Luisa Cunha, exposição antológica, Fundação de Serralves, 2007; Words for Gardens, Chiado 8, 2006. Das várias exposições colectivas destacam-se 34ª Bienal de São Paulo, 2021 Grito (The Cry), MUSAC, León, Spain, 2011; I’m Not Here. An Exhibition Without Francis Alÿs, De Appel Arts Centre, Amesterdão, 2010; IV Bienal de Jafre, Spain, 2009; Oh!, Galeria Miguel Nabinho, Lisboa, 2008; Stream, Whitebox, New York, 2007; Partitura, Casa da Música, Porto, 2007; The Invisible Show, exposição itinerante por: Center for Contemporary Art, Tel Aviv, Israel, 2007; Centro José Guerrero, 2007 e MARCO – Museo de Arte Contemporánea, Vigo, 2006; Sydney Biennial, Austrália 2004; Jornadas de arte contemporânea, Palácio do Freixo, Porto, 1996; Peninsulares, Galeria de Antoni Estrany, Barcelona, 1995.

 

Gulherme Raj nasceu no Rio de Janeiro e é doutorando no departamento de governança ambiental dentro do Copernicus Institute for Sustainable Development, na Universidade de Utrecht, Holanda. A sua investigação faz parte do projeto UNMAKING e busca aprofundar o entendimento sobre o papel do poder em processos de transformação social que desfazem instituições e práticas capitalistas. Particularmente, transformações no setor agro-alimentário influenciadas por comunidades de base na Itália e em Portugal, por exemplo as comunidades que suportam a agricultura (CSA). Além disso, Guilherme é membro da cooperativa Rizoma, em Lisboa, onde é co-responsável pelo contínuo abastecimento de produtos à mercearia.

 

Cooperativa Rizoma é uma mercearia comunitária, participativa e autogerida feita pela e para a comunidade que garante produtos de qualidade a preços justos para quem produz e coopera. O projeto é baseado em valores sociais, ecológicos e colaborativos e não no lucro. É uma iniciativa cidadã coletiva que visa combinar qualidade, sustentabilidade, saúde, preços justos, transparência, colaboração, educação, solidariedade e cidadania ativa.

 

Catarina Real (1992, Barcelos). É licenciada em Artes Plásticas pela FBP UP, e mestre em Ciências da Comunicação pela FCSH-UNL. Com um foco multidisciplinar, o seu trabalho reúne prática e teoria, e está intrinsecamente relacionado com projetos coletivos, afetivos e colaborativos. Encontra-se de momento a desenvolver projetos, maioritariamente em colaborações de longa duração, que vão da curadoria à coreografia.

 

Ana Luísa Janeira é filósofa, investigadora, professora, cidadã. Como professora deu aulas em múltiplas instituições, ao longo de quarenta anos: em Portugal – Porto (1966-67), Lisboa (1969-10), Coimbra (1986-88), Funchal (1978-88); na Europa – Montpellier (1971-73) e Sheffield (1973-74); nas Américas – Québec, Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Missiones (1976-10). Cabe destacar que o seu principal eixo docente concentrou-se na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa: Departamento de Química e Bioquímica (1976-07) e Secção Autónoma de História e Filosofia das Ciências (2007-10).

 

Shane Pereira, 37 anos, residente em Lisboa. Bissexual, não binárie transmasculine, neurodivergente. Sempre fui 1 miúde atente a tudo o que se passava no mundo e que me chegasse às mãos. Devorava livros como quem come chocolates, e teria lido a lista telefónica, se ma tivessem dado dizendo que era uma peça de teatro com um enorme elenco. Cheguei a Lisboa em Junho de 2010, canudo de Jornalismo na mão e vontade de mudar o mundo. Depressa percebi que não era a escrever as notícias que me davam para escrever que o iria fazer. Percebi que o meu caminho teria de ser outro, mas a minha batalha tem sido sobretudo a de informar (podes tirar o jornalista do jornal, mas boa sorte a tirar o jornalismo de quem o sente…).

 

Escola da Procrastinação O título Escola de Procrastinação usa a aspereza da palavra e da acção de “procrastinar” para introduzir algum sentido de humor em ideias que tendem a instalar-se como clichés, como, por exemplo, criação, invenção, inovação. Nesta proposta, importou-nos perceber algumas estratégias de construção de um outro “lugar-comum”, um comum-lugar que se aproximasse mais da construção de comunidade, de partilha de critérios reconhecíveis de sensibilidade e de afectos humanos.

 

Escola do Reparar Posicionando-se no seio de uma tarefa paradoxal e urgente, entre a irreparabilidade do mundo-como-É e o compromisso ético com a sua reparação, no campo vivo de lutas político-afetivas que temos habitado, a Escola do Reparar assenta-se no ‘entre’, enquanto instância perene de experimentação e reimaginação do que queremos e podemos enquanto comunidades.

 

E.S.C.O.L.A.S. é um encontro de artistas que nos últimos anos foram responsáveis pela conceção e realização de cursos independentes de artes performativas em Portugal, com vista à problematização das relações de poder/saber em contextos de aprendizagem e produção de conhecimento, tendo o corpo e o coletivo como focos.

 

Sílvia Pinto Coelho (Coimbra 1975) é coreógrafa e investigadora integrada no ICNOVA-FCSH (CEEC, FCT). Doutorada e mestre em Ciências da Comunicação, licenciada em Antropologia e bacharel em Dança, frequenta o c.e.m. desde 1994, faz o CIDC do Forum Dança (1997-99) e frequenta a Tanzfabrik (Berlim 2002-05). Desde 1996 que coreografa e participa em processos de pesquisa, de pedagogia e em filmes com colaboradores de várias áreas. Participa nas actividades de grupos de trabalho pluridisciplinares como: o AND_Lab, o Sense Lab, ou o baldio-estudos de performance, bem como na Composição em Tempo Real do atelier Real. A sua tese de doutoramento Corpo, Imagem e Pensamento Coreográfico, da Pesquisa Coreográfica Enquanto Discurso, os exemplos de Lisa Nelson, Mark Tompkins, Olga Mesa, e João Fiadeiro (2016) é também fruto do contacto próximo com os processos de investigação artística destes coreógrafos. No ICNOVA, integra o grupo de Performance e Cognição, colaborando na organização dos seminários permanentes e no site Cratera. Faz parte da direcção da revista online INTERACT, desde 2019.

 

Fernanda Eugenio é artista, investigadora e educadora. Dirige, desde 2011, a plataforma AND_Lab | Arte-Pensamento e Políticas da Convivência, com sede em Lisboa e núcleos no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Curitiba, em Brasília (Brasil) e em Madrid (Espanha). Atua na construção de práticas politico-afetivas encarnadas e modos de fazer transversais para a com-posição relacional, o cuidado-curadoria íntimo e coletivo e a criação por re-materialização. Nomeadamente, através do Modo Operativo AND (MO_AND), metodologia de cunho ético-estético e somático-político, que criou e tem vindo a desdobrar desde os anos 2000, dedicada à sintonização com a experiência sensível da inseparabilidade e à pesquisa dos processos de emergência, no entrelaçamento entre fazeres artísticos, processos participativos, política, espiritualidade e subjetividade. É pós-doutorada (ICS/UL), doutorada e mestre (UFRJ/MN) em Antropologia Social, foi professora adjunta de Ciências Sociais da PUC-Rio (2005-12) e pesquisadora associada do CESAP/IUPERJ (2003-2017). Nos últimos vinte anos tem atuado como artista/professora convidada em diversos programas de formação em ciências sociais e humanas, artes e performance, sobretudo na Europa e na América do Sul, com passagens também por EUA, Canadá, Nova Zelândia e Vietname.

 

Carlos Oliveira é coreógrafo, performer e investigador. Doutor pelo Programa UT Austin | Portugal com a tese Objectos Coreográficos: Abstracções, Transducções, Expressões (2016) e Bacharel em Dança Contemporânea: Coreografia e Contexto pela Universidade de Artes de Berlim (2010). Frequentou os cursos: Artes Performativas Interdisciplinares da Fundação Calouste Gulbenkian (2008), Criatividade Ciêntífica e Investigação Artística do AND_Lab (2011) e Symposium de Práticas Artísticas da Associação Mezzanine (2017). Foi investigador associado do Colab UT Austin | Portugal (2010-2011), do Centro Inter-Universitário de Dança de Berlim (2013-2014) e do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (2010-2016). Actualmente, nesta universidade, é investigador integrado no Grupo de Investigação Performance e Cognição do Instituto de Comunicação da Nova (ICNova). Foi coordenador nacional do sector de teatro do INATEL (2005), director artístico do Novo Circo do Ribatejo (2004-2007), Professor Adjunto de Estudos dos Média no Instituto Superior de Tecnologias Avançadas de Lisboa (2015-2016) e Professor Adjunto de Corpo e Movimento na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa (2019-2020).

 

Mariana Desidério (Salvador BA). É licenciada em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia e mestranda em Antropologia da Imagem FCSH-UNL. Mariana dedica-se há mais de 20 anos ao estudo das Tranças e suas simbologias e dá nome a sua pesquisa de Cabeça Feita, O Significado das Tranças na Tribo Mumuila, inspira-se na relação do cabelo como linguagem para os ciclos humanos e como fonte de libertação de padrões. Atua no mercado estético como trancista e é nesse lugar que desempenha a sua função profissional e faz dele também o seu campo de pesquisa.

 

José Costa (Barcelos,1991). É licenciado em Artes Plásticas e mestre em Pintura pela FBA UP. Expõe regularmente desde 2014. Entre 2015-2016 integrou a equipa de curadoria do Projeto Galeria Painel. Colabora com o Serviço Educativo do Museu de Arte Contemporânea de Serralves desde 2017. Faz parte da equipa do projeto Janelas Para o Mundo desde 2019, um projeto de workshops mensais nos Estabelecimentos Prisionais de Custóias e Santa Cruz do Bispo. Desde 2021 co-coordena com Joana Patrão o projecto Educativo Sandbox na Appleton Associação Cultural.

 

Hugo Dunkel (Porto) é sinónimo de cultura alimentar. Formou-se em diversas áreas: Design de Produto, Alimentos Fermentados, Agricultura Biodinâmica, Encadernação, Permacultura e Nutrição Ortomolecular. Tem um grande interesse nas narrativas alimentares, na permacultura enquanto metodologia de design e um grande fascínio pelo mundo da fermentação alimentar. Desenvolve formação, consultoria, projectos e programação cultural em torno do pensamento crítico e criativo sobre estas matérias, com museus, teatros e outras instituições culturais e agrícolas.

Publicado a 25 de Setembro de 2021

5
06
a
15
07

DA TERRA À LUA, A PÉ

05 Junho–15 Julho 2021

Da Terra à Lua, a Pé, inclui obras de doze artistas multigeracionais:

João Jacinto, João Queiroz, Mafalda Pilha, Marta Wengorovius, Orlando Franco, Paulo Mendes, Pedro Cabral Santo, Rodrigo Rosa, Ruy Otero, São Trindade, Teresa Carvalho e Tiago Batista.

Curadoria Pedro Cabral Santo

 

:::

 

Plataforma Revólver – Independent Art Space apresenta da “Terra à Lua, a Pé”, uma exposição coletiva que explora um complexo dispositivo, capaz de mesclar inúmeros meios e técnicas que, no seu conjunto, procurem envolver o espetador num ambiente de cariz exploratório, com abordagem do papel dos artistas, e da arte, em torno de problemas, e acontecimentos genéricos, vigorados e ancorados nas nossas sociedades ditas contemporâneas. Fenómenos político-sociais relevantes e imprevisíveis relacionados com a incessante disseminação de múltiplas e diferentes linguagens que constituem a essência do nosso mundo contemporâneo, e que se manifestam formalmente por entre a essência pictórica, escultórica e instalatória. Propõe-se, deste modo, aos artistas, a possibilidade de se ter uma visão para lá das formas e do aparente reconhecimento dos “objetos” usados, e assim obter outras leituras que sem as quais tornavam este (e outros) Mundo, sem dúvida, mais pobre.

Publicado a 5 de Junho de 2021

16
11
a
20
01

A show to more voices
Anna Dot, Cristina Garrido, Jon Mikel Euba, Juan López, June Crespo e Leonor Serrano Rivas

Curadoria de Veronica Valentini (DO. The method JC, JME, LSR) e Andrea Rodriguez Novoa (Whenever you don’t feel like, keep going)

Composto por duas abordagens paralelas, o projeto expositivo e discursivo “A show to more voices” exibe singularidades curatoriais e artísticas que exploram técnicas somáticas e subjetivas desclassificadas de algumas práticas artísticas (DO. The method JC, JME, LSR), e a ideia de esgotamento como desassossego e motor (Whenever you don’t feel like, keep going).
“DO. The method JC, JME, LSR” mostra a visão do artista e a sua problemática relação com a técnica e a estética, sinalizando o estreito vínculo e a negociação que existe entre metodologia, economias de significado e pensamento. “Whenever you don’t feel like, keep going” empurra literalmente os limites do suportável?, do desejável?, do necessário?, e observa o que esses tais termos podem implicar na sociedade contemporânea através da práxis artística e sem ânsia maniqueísta .
Ambos os ensaios se fundem conceptual, discursiva e espacialmente em “Uma exposição a mais vozes”, um exercício coral que se adentra em problemáticas relacionadas com as ciências sociais e as políticas dos afectos e que convoca artistas que cruzam diferentes campos e posturas de trabalho a este respeito.

Biografias
Cristina Garrido (1986, Madrid) vive e trabalha entre Madrid e Holanda. Depois de estudar Belas Artes na Universidade Complutense de Madrid (2004-2009) e no Camberwell College of Art (2007-2008), obteve um diploma em Belas Artes na Escola de Artes de Wimbledon (2010-2011). O seu trabalho tem sido incluído em exposições internacionais: Kunstverein Wolfsburg (Wolfsburg), CentroCentro (Madrid), ISELP (Brussels), Espacio Odeón (Bogotá), Fundación Luís Soane (A Coruña), Centro de Desarrollo de las Artes Visuales (La Habana), Galerie im Taxispalais, (Innsbruck), SESC Sorocaba (Sorocaba/São Paulo), La Casa Encendida (Madrid), Lugar a Dudas (Cali), Banner Repeater (Londres), Spike Island (Bristol), entre outros.

Juan López (1979, Cantabria) é formado em Belas Artes pela Universidade de Castilla La Mancha. Desde 1999 que o seu trabalho tem sido exposto em galerias, centros de arte, feiras e museus nacionais e internacionais, como La Casa Encendida (Madrid); Galería La Fábrica (Madrid); Galería Nogueras Blanchard (Barcelona); MUSAC (León); Centro de Arte Laboral (Gijón); Fundação Joan Miró (Barcelona); Artium (Vitoria); La Panera (Lleida); Liste Art Fair (Basileia); ESTÁ BEM. Centrum Linz (Áustria); Museu Nacional da República (Brasília); Tokyo Wonder Site (Japão); Art Basel Miami Beach (EUA); Den Frie (Copenhague) o Matadero Madrid (Madrid). Recebeu diversos prémios e bolsas como a Bolsa CAM de Artes Plásticas, Prémio ABC de Arte, Prémio Altadis de Artes Plásticas, Bolsa Fundação Marcelino Botín.

Anna Dot (1991, Vic). Dedica-se à prática artística através da qual desenvolve diversas explorações da linguagem. Expôs o seu trabalho em Espanha, no México e na Alemanha. Além da sua prática artística, realiza investigação teórica no Departamento de Tradução, Interpretação e Idiomas Aplicados da Universidade de Vic, sendo também membro do grupo de investigação sobre Estudos de Género: Tradução, Literatura, História e Comunicação nessa mesma universidade. Escreve para a revista online de crítica artística A * Desk e é co-fundadora dos grupos “Morir de Frío” e “Supterranis” (organizadores do Festival Plaga), além de ser membro da Comissão de Artes Visuais para o Festus Festival (Torelló).

Jon Mikel Euba (Amorebieta, 1967) Vive em Bilbao. O seu trabalho está fundamentado no desenho como procedimento e na estrutura como programa, traduzidos em diferentes meios. Nos últimos seis anos desenvolve um projeto centrado na escrita cujo objetivo é definir uma praxis que se torne teoria técnica. Participaou na in Manifesta IV Frankfurt, na Bienal de Estambul 2005, Bienal de Veneza, Bienal de Busan, De Appel, Stedelijk Museum, Project Arts Center, e no Van Abbe Museum em Eindhoven. A sua obra forma parte de colecções como a do Museu Reina Sofía em Madrid, MACBA em Barcelona, MUSAC de León, MUDAM de Luxemburgo, FRAC Poitou-Charentes de França, Ministério de Cultura de Madrid, etc.

June Crespo (1982, Pamplona) vive e trabalha em Bilbao. As suas obras surgem de um gesto afectivo-associativo sobre materiais colectados, extraídos do sistema de produção e consumo em que circulam, para colocar em jogo as suas possibilidades associativas e as suas capacidades para gerar novos significados. Graduou-se em Belas Artes pela Universidade do País Basco em 2005 e esteve em residência na De Ateliers (Amesterdão 2015-2017). Realizou exposições individuais como: Chance Album nº1, (galeria etHALL, Barcelona; e Cosa y tú (Carreras Múgica, Bilbao), Deep State (Of Ateliers, Amsterdam 2017) Geração 2017 (The House On, Madrid 2017); Hypperconnected (Museu de Arte Moderna de Moscou 2016); Coisas selvagens (The Green Parrot, Barcelona 2014); Acertando-o (P-exclamação, Nova York, 2014);

Leonor Serrano Rivas (Málaga, 1986) arquiteta e artista sediada em Londres. O seu trabalho explora diferentes formatos criando situações a meio caminho entre arte, arquitetura, teatro e performance, envolvendo a investigação de teorias históricas sobre a comunicação através da forma, da relação entre o corpo, os seus movimentos e o design. Completou os seus estudos de pós-graduação na Goldsmiths University, Londres (2015). Expôs internacionalmente, incluindo: Bienal de Liverpool (2016 / GB); E-Wrtk, Freiburg; Coleção do Museu Russo de São Petersburgo / Málaga (2016 / ES); ICA Londres (2016 / GB); Arcade Gallery; MUPAM (2016 / ES); entre outros.

Veronica Valentini é curadora, directora e fundadora da Emma, uma organização curatorial que desenvolve um programa de investigação artística itinerante e Mediadora do Nouveaux Commanditaires-Citizen Art Spain Program da Fundación Carasso (Madrid). Também é co-fundadora e directora do projeto BAR e BAR TOOL.

Andrea Rodriguez Novoa é arquiteta e curadora sediada em Barcelona e França. Membro do comité de aquisição da coleção do Fond Regional d’Art Contemporain Normandie em Caen (França), desenvolve uma prática independente de curadoria e de escrita, sendo co-fundadora e diretora do projeto BAR e BAR TOOL.

Publicado a 22 de Novembro de 2017

16
11
a
20
01

We don’t know each other
Luís Alegre

Curadoria de Sandro Resende

O trabalho de Luís Alegre admite e simultaneamente alerta para a ideia de que, artisticamente, vivemos tempos algo complicados, que se revelam nas infindáveis dificuldades de uma existência marcada por um hibridismo multidisciplinar de carácter universal.
As imagens, pelas quais vemos o mundo, têm uma cadência torrencial e um poder fortemente constituinte.
É justamente neste sentido que a produção artística de Luís Alegre insiste em perseguir a “realidade” – estratégia que visa a continuação da “representação”, implicando nesse processo a própria realidade, cuja sofisticação nos obriga, cada vez mais, a recorrer a toda uma multiplicidade de linguagens artísticas e formais, que pelo decurso dos tempos se encontram totalmente ao nosso dispor – um maravilhamento que resulta do inesgotável acto de copiar e copiar…
Em contraponto à necessidade de realidade, que diríamos mais prosaica, existe também uma busca incessante da ciência, uma investigação acumuladora de matéria plástica para o imaginário individual dos artistas. É num caminho de múltiplos sentidos que o trabalho artístico se torna possível, gerando imagens que, numa primeira instância, se revelam envolvidas por uma forte componente experimental, quer pela exuberância cromática (fundo de cor fluorescentes), quer pela diversidade das temáticas (UFO’s, cowboys, comics, westerns, Sci Fi, etc.).
São múltiplas imagens, cujas fracções se podem ler como se de uma só imagem se tratasse.
Em si mesmas, estas imagens constituem uma estratégia de efabulação, orientada por um imaginário narrativo que descorre acerca de um vasto número de mitos e cosmogonias com forte impacto no imaginário cultural ocidental.
Este projecto de exposição pretende apresentar um jogo, cuja ludicidade assume pacificamente todas as ambiguidades e anacronismos, pois o desafio destas imagens reside numa amalgama tão óbvia quanto inesperada. É justamente este paradoxo que acaba por situar estas obras na fronteira entre a sabedoria popular e o conhecimento científico, entre o “eu já vi isto” e “o que é isto?”.

Biografia
Luís Alegre. Anadia 1969. Formado em Pintura, doutorado em Design. Vive e trabalha em Lisboa, conciliando a carreira artística com a actividade de designer. Desde a segunda metade dos anos 90 desenvolve projectos que cruzam múltiplas disciplinas, relacionando o design, o vídeo e instalações. Director do DELLI – Design Lusófona Lisboa. Director criativo da Ideias com Peso, atelier de comunicação. Editor da Stolen Books. Começou a expor individualmente em 1995 e a participar em colectivas em 2004.

Publicado a 22 de Novembro de 2017

21
09
a
4
11

Podcasts for Parents: Space Adventures and Social Activism

Curadoria de Pedro Cabral Santo

Desde sempre, o homem sonha com o espaço e tenta conquistá-lo.
Space Adventures é, acima de tudo, a promoção de um ambiente artístico que pretende explorar e abordar o papel dos artistas e da arte em torno de problemas, e acontecimentos genéricos (assuntos), adstritos às designadas “apatias” ideológicas; – do característico individualismo contemporâneo ou mesmo de fenómenos relacionados com a incessante disseminação de múltiplas e diferentes linguagens e que resultam em certas práticas artísticas contemporâneas. Na actualidade, estas práticas da arte contemporânea parecem ocupar uma posição central naquilo que se designa por mainstream. Algumas características comuns a esse tipo de rotinas são visíveis e têm ênfase em dois comportamentos distintos e com afectação na relação entre artista e público, o contacto imediato do artista com uma audiência, o uso de métodos não artísticos como um meio de resistência política e também o seu contrário – anti crítica e anti activismo. Grande parte da arte produzida nos nossos dias procura integrar-se ou afastar-se de Espaços de Grande Proximidade com as Esferas Política e Social.
No inicio da década de 50, do século XX, ainda antes do Star Trek e do Star Wars, deu-se a explosão dos seriados e filmes de ficção científica, de aventuras espaciais, onde títulos como “20 Million Miles to Earth”, “Earth vs. the Flying Saucers”, “Flash Gordon”, “Buck Rogers”, “X” ou “Invasion” alargavam os horizontes e prometiam Conquista de Espaço Infinito.

Publicado a 15 de Setembro de 2017

« Entradas prévias