Artistas: Adia Millet, Ângela Ferreira, Fernanda Fragateiro, Miriam Bäckstöm, Mona Hatoum,Narelle Jubelin, Susana Mendes Silva, Wangechi Mutu
Comissária: Filipa Oliveira
(RE) VOLVER
A experiência de entrar na plataforma revólver provoca, quase de imediato, a reminiscência de entrada na casa de um estranho. Entrar sem ser convidado e procurar a presença, ou a memória, dos habitantes que já há muito a abandonaram. A casa logo se impõe como um elemento central da experiência do visitante, papel que assume, também, na exposição que agora se apresenta.
Longe de se enquadrar no paradigma, ainda recente e dominante, de espaço expositivo neutro e vazio de referências – para que a experiência estética seja a mais pura possível – esta casa é aqui o ponto de partida, domínio palpável da experiência criativa e de observação
a casa foi o elemento que iniciou o projecto. Foi a partir dela, e em resposta a ela, que cada uma das artistas pensou a sua presença. Ela assume-se assim quase como mais um participante da exposição. À semelhança de um palimpsesto, a casa esconde a memória dos ocupantes anteriores para que na reinscrição de um novo gesto, se imponha uma nova presença e uma nova memória.
as artistas foram convidadas a pensar a ideia de casa, de uma casa também ela em tempos habitada por artistas, da memória que perdura gravada nas paredes. O desafio foi exactamente o de reflectir essa memória, por forma a que novas e antigas memórias pudessem coabitar no mesmo espaço. Num permanente revolver.
O rever das casas e das causas
O revolver das coisas
Que dormiam
“Eis-nos” em Novas Cartas Portuguesas
Revolver também outras memórias, que ultrapassam esta casa em particular, para abranger a ideia de casa como local inscrito da memória da prática feminista. Esta exposição propõe-se contemplar essa prática, com o objectivo de repensar a sua existência; Meditá-la como uma possibilidade de existência e de continuidade; reflectir o seu sentido no contexto actual das práticas artísticas contemporâneas. Fará ainda sentido fazer uma exposição em que as participantes são exclusivamente mulheres? Fará sentido o seu oposto? E será ainda necessária uma reflexão sobre feminismo, sobre domesticidade?
Mais do que apresentar as respostas, esta exposição pretende suscitar novas perguntas e abrir caminhos para um novo entendimento do (pós) feminismo, questionando desta forma a sua validade, e necessidade na actualidade. Acima de tudo, esta exposição aspira a (re) volver coisas que dormiam.
Filipa Oliveira