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Carlos Alberto Carrilho, S/Título, 2006, vídeo, loop, PAL, cor, som, 5´37´´

Carlos Alberto Carrilho, S/Título, 2006, vídeo, loop, PAL, cor, som, 5´37´´


 
Artistas: Ana Bezelga, André Simões, Antje Feger, Benjamin Florian Stumpf, Carlos Alberto Carrilho

A exposição Voyage, Voyage  reúne um conjunto de projectos artísticos que se inscrevem a partir de 23 de Março nos circuitos da cultura visual em Lisboa. Os contornos desta exposição são definidos através do conjunto criado pelos trabalhos de André Simões, Ana Bezelga, Antje Feger & Benjamin Florian Stumpf e de Carlos Alberto Carrilho distribuídos pelos vários espaços da galeria Plataforma Revolver. A exposição apresenta uma heterogeneidade de ideias e pensamentos num território equivalente, de fronteiras dinâmicas de onde se pode livremente partir e regressar, onde aquilo que se retirará das obras será proporcional ao tempo que cada visitante dispensar às mesmas. Suponhamos que encaramos esta exposição como uma viagem onde, mesmo não estando à procura, encontramos no seu percurso uma boa oportunidade para reflectir sobre o que vemos. Suponhamos também que, tal e qual como nas viagens onde a disponibilidade para observar e absorver é instintiva e fluída, encontramos nas referências que se seguem coordenadas possíveis de um mapa que pode ser activa e individualmente reinventado. Sendo assim, vejamos como estas obras vão definindo a pouco e pouco geografias e alimentando a relação dos conceitos que trazem inscritos:
A instalação e o vídeo de André Simões “Não muito Longe Daqui” (2005-2007), mostra um inventário selectivo e exaustivo de itens que pertencem ao universo privado. O autor parece transformar, numa experiência, entre o absurdo e o familiar, a escala deste colectivo de objectos numa mimesis do espaço público e numa alegoria da vida urbana.
Ana Bezelga apresenta a projecção de diapositivos “RE:” (2006) onde, através de uma agregação dos conceitos de género, feminismo e identidade, ritualiza uma passagem do conhecimento entre duas mulheres de gerações e lugares diferentes. Os valores chave da arte femininista do passado, problematizados através da presença de Ana Mendieta , encontram-se aqui em diálogo com a prática artística da própria Ana Bezelga. No vídeo “Baltic Draft 2” (2006), a dupla Antje Feger & Benjamin Florian Stumpf reflecte sobre uma viagem que fizeram com Dani Leventhal, uma amiga norte-americana à procura das suas raízes pela Europa de Leste. Segundo os autores este  trabalho questiona a diluição de fronteiras culturais entre os diversos lugares visitados. Carlos Alberto Carrilho expõe o vídeo “Sem Titulo” (2006), uma narrativa que se desdobra gradualmente sobre um intenso efeito de clímax. O vídeo é apresentado num monitor colocado sobre uma mesa, que tem aqui um duplo papel, como lugar da obra e também como a única testemunha dos eventos a que se assiste. Carrilho estabelece simultaneamente uma relação enigmática e provocadora entre a construção de valores históricos e a legitimação da sua historia.

Sofia Ponte

Publicado a 28 de Abril de 2007