18
11
a
16
01

GERAÇÃO 2015

Proyectos de arte Fundación Montemadrid

Elena Aitzkoa, Cristina Garrido, Karlos Gil, Laila y Nadia Hotait, Daniel Jacoby, Fermín Jiménez Landa, Karlos Martinez B., Lucía Simón, Pep Vidal e Oriol Vilanova

Curadoria Ignacio Cabrero

Como vem sendo habitual a Plataforma Revólver apresenta a proposta de arte contemporânea no contexto da programação da Mostra Espanha em Portugal.
Gerações é uma competição que premeia e apresenta a criação contemporânea de Espanha desde o ano 2000. A exposição Geração 2015 é formada por obras inéditas e produzidas para a ocasião dos dez jovens artistas selecionados por um júri de reconhecido prestígio. A exposição foi primeiro apresentada na La Casa Encendida em Madrid.
Victor Pinto da Fonseca

Viajar, deambular… perder o norte

– Ignacio Cabrero

Caminhar sem rumo, perder-se e deixar que a sorte ou as ruas da cidade te guiem. Ser como o flâneur descrito por Walter Benjamin nas suas Passagens, essse homem para quem andar pelas ruas sem direção fixa ou necessidade é a actividade mais genuina da vida, uma actividade que converte o espaço público da rua no que para o burguês é o espaço privado. Fazer do espaço público um labirinto em que deambulamos como pensavam os situacionistas. La dérive e o détournement propostos pelo pensador Gui Debord, que aponta para uma nova ideia de viagem através de esse espaço labirintico de desorientação, com um duplo sentido: a desorientação que se persegue conscientemente, mas também a noção do labirinto como estrutura de organização mental e método de criação. Vagabundos e erros, trajectos e caminhos sem saída.

O passeio como manipulação artística como inspiração literária-filosófica não é nada de novo. No campo da filosofia, autores como Rousseau com os seus Sonhos de um passeante solitario, e Henry Thoreau com Caminhar; ou, desde a literatura do século XIX, as reflexões sobre deambular pelas ruas da cidade pela mão de, por exemplo, Poe com O homen da multidão, ou a aparição desse flâneur anteriormente mencionado, associado à modernidade. Depois Kafka com O passeio repentino ou esse escritor passeante, Robert Walser, com O Passeio.

Os surrealistas , os dadaístas e especialmente os situacionistas experimentaram com o passeio diferentes percursos por periferias e lugares. Tema também presente nos anos sessenta e setenta, com as peregrinações pelos nâo lugares na América profunda levadas a cabo por Richard Long ou Robert Smithson – Hotel Palenque, Os monumentos de Passaic.
A ação de viajar supõe uma experiencia de procura, de encontro inclusivamente perdido. Num sentido amplo, a viagem realiza-se não só caminhando pela cidade, mas também pelo corredor de nossa casa. É o viajante interior, que refere Pessoa na sua Viagem.

Caminhar para não se cair, porque quiçá, o facto de caminhar é, em si mesmo, “uma queda controlada” – como menciona Manuela Moscoso no seu texto sobre Jiménez Landa aludindo ao ditado inglês Walking is controlled falling. Caminhar para desafiar a gravidade e evitar a queda, com o objectivo de encontrar um caminho mais adiante. Trajectos, ações e viagens que sempre estiveram presentes na história da arte como parte do processo existencial do criador. Nesta edição de Gerações, a ideia de viajar, deambular, passear e perder-se, para voltar ou não a encontrar-se, parece algo comum entre os artistas e, de alguma maneira, conecta os projectos seleccionados.
Assim, na sua trajectória e maneira de abordar os projectos, os artistas estão em contínuo movimento.

Publicado a 12 de Novembro de 2015

18
11
a
16
01

I STOOD UP AND… NEVER SAT DOWN AGAIN

Tânia Ferrão, Daniela Fortuna, Laura Ferreira, Alexandre Alagoa, Débora Pequito, Inês Rego, Rogério Silva, Maria João Costa, Alexandre Murtinheira, Sara Reis, Carmen Esteves, Leonardo Ramos, Beatriz Bravo e Tamia Dellinger

Curadoria Pedro Cabral Santo e Victor Pinto da Fonseca

A Plataforma Revólver tem o prazer de apresentar a exposição I stood up and… never sat down again com a curadoria de Pedro Cabral Santo e Victor Pinto da Fonseca.

Decidido pelos recém-licenciados que nela participam, o título da exposição recupera para um plano de abstracção o sentido particular da mudança que a pintura Hotel Bedroom (1954) instaura na obra de Lucien Freud, nos termos em que o pintor a formulou a William Feaver: «My eyes were completely going mad, sitting down and not being able to move. Small brushes, fine canvas. Sitting down used to drive me more and more agitated. I felt I wanted to free myself from this way of working. Hotel Bedroom is the last painting where I was sitting down; when I stood up, I never sat down again».

É este movimento, que troca o estar sentado pelo estar de pé, que os finalistas da licenciatura em Arte Multimédia, do ano lectivo de 2014-2015, acolheram como desígnio. Porque é ele que, contrariando os conformismos e as conformidades, finalmente os liberta da sedentarização em que não se podem rever, por o seu tempo ser tanto o dos lugares desabrigados em que o mundo se tornou, como o da errância sem fim à vista, que deles faz os estrangeiros que, em qualquer parte, vivem a ameaça do afastamento de alguém ou de alguma coisa e, portanto, a iminência da abstracção.

Mas neste estar de pé inscreve-se também a primeira exigência do caminho – ou do estar a caminho – e a clausura numa essencial transitoriedade, que é a da impermanência das sombras e dos reflexos, geradora da primeira conjuntura das imagens. E não será por acaso que é precisamente a impermanência a informar a maioria das obras agora expostas. Como não será por acaso que, ainda na sua maioria e em diferentes patamares de nitidez, elas se estruturam em torno da presença velada ou desvelada do(s) corpo(s) que as habita(m). Corpos que associamos a dispositivos mnemónicos nos quais os lugares, os seres e as coisas existem nos hiatos abertos pela sobreposição de um antes e um depois como se, fora deles, só pudessem existir na brevidade dos interregnos.

Em Spectrum, Alexandre Alagôa amplia o mundo com a claustrofobia dos espectros retidos no outro lado das imagens, ou no avesso da disponibilidade dos ecrãs. Em Esta é a minha caixa, Alexandre Murtinheira faz da caixa uma passagem entre duas realidades formal e semanticamente distantes, e o suporte da dimensão irreal das aparições que surgem da insistente presença de um objecto esvaziado dos seus conteúdos funcionais. Beatriz Bravo, em …, encontra no sótão o pretexto para as fotografias de um imaginário fixado no tempo póstumo da utilidade das coisas. Com Passagem, Carmen Antunes Esteves faz coincidir a dimensão voyeurista do ver com o dispositivo perspéctico, fundador das imagens em perspectiva. Na animação Pós-Guerra, Daniela Fortuna aloja nas sombras que deslizam na penumbra ruinosa dos vazios, a memória anónima da guerra. Com Desconforto, Débora Pequito encena na inospitalidade dos lugares, a busca infindável da reconciliação com um lugar interior. Em Rua das Janelas Verdes, Inês Rego devolve-nos o trecho de uma rua de Lisboa, reescrita nos vários tempos de um habitar que a banda sonora arrasta para o presente. Em …, Leonardo Ramos confia ao obtuso das imagens os secretos vínculos que elas estabelecem com uma indecidível realidade. Em Sombro, Maria João Costa delega na silhueta a sua pertença à domesticidade de um lugar, desse modo concretizando-se na imagem como vestígio. Com Postais, Rogério Paulo da Silva acciona no observador o estranhamento da familiaridade resultante do confronto com a actividade das imagens. Dream Sequence é a imponderabilidade onírica das imagens que Sara Maçã edita para hipnotizar o observador. Livro efémero é o objecto ressonante de Tamia D., que contém nas qualidades fotossensíveis da sua matéria a fatalidade do seu apagamento. Obedecendo à proposta de ilustrar o capítulo «Sacrifício ao amor», do livro de Afonso Cruz, O Pintor debaixo do lava-loiças, lançada na unidade curricular de Ilustração Desenvolvimento I, leccionada pelo Professor Pedro Saraiva, Laura Ferreira e Tânia Ferrão apresentam dois livros de ilustrações que vão ao encontro das imagens sugeridas pelas palavras, aos quais Tânia Ferrão acrescenta uma animação em vídeo realizada a partir das imagens do seu livro.

Cansado da absorção nos pequenos gestos que, a curta distância, concretizavam os muitos detalhes da pintura, Lucien Freud decidiu pintar de pé e jamais se voltou a sentar. Devotadas à sua condição de vestígio, sombra ou reflexo, as obras presentes nesta exposição fecham o último acto de uma idade que termina e que, para quase todos, coincide com o primeiro acto de uma duração que começa. A todos peço que, à semelhança do que aconteceu com Freud, jamais cedam à tentação da cadeira e de tudo o que nela é sinónimo de passividade e imobilismo. E a todos agradeço, estendendo o agradecimento aos que no mesmo ano terminaram a licenciatura em Arte Multimédia e que, por lucidez ou falta de convicção – e há sempre um momento em que ambas são o nome com que diferentemente se designa a mesma circunstância – não participam na exposição.

Maria João Gamito

Sabendo de antemão o quão difícil se apresenta aos jovens criadores o contexto português, a Plataforma Revólver, e apesar de todas as dificuldades, tem conseguido proporcionar ao longo dos últimos anos uma excelente oportunidade no sentido em que estes possam mostrar com dignidade o seu trabalho à colectividade.

Da Pintura à Escultura, passando pelo Desenho até à videoinstalação, os jovens artistas são representantes, na primeira pessoa, do vasto e complexo “tecido” que representa, nos nossos dias, o património e legado, por um lado afecto à própria produção contemporânea e, por outro, na sua específica relação com o público, o mercado e as instituições. Ou seja, estamos a falar de artistas capazes de se adaptarem aos diferentes media que perfazem a natureza da riqueza expressiva e simultaneamente na capacidade de construir uma linguagem diversa e rica capaz de estabelecer um diálogo consistente com o seu próprio tempo. Como afirmava Paul Valery «Je n´aime pas les fantômes d´idées, les toutes perspectives. Les termes dont le sens se dérobe devant le regard de l´esprit. Je suis impatient des choses vagues».

Estas premissas foram responsáveis por tantos e tantos eventos que possibilitaram aos artistas emergentes o desempenho de um papel que acreditamos ser fundamental e decisivo para o futuro desta actividade que, diga-se de passagem, é sistematicamente ignorada por quem de direito.

O Curso de Arte e Multimédia da FBAUL representa na íntegra o que acabamos de afirmar – apresenta um conjunto de trabalhos oriundos do contexto escolar afectos à referida licenciatura. Assim, as obras, que fazem parte da presente mostra, abordam um vasto conjunto de problemáticas directa e indirectamente implicadas com a produção artística e seu legado histórico, onde toma lugar o propósito experimental, a par da combinação de meios técnicos, de novos formatos e materiais diversos e também referências culturais que permitem desencadear a reflexão em torno dos diferentes temas convocados.

A Plataforma Revólver funciona genuinamente para benefício público, operando um espaço independente, não lucrativo, de entrada gratuita.
Pedro Cabral Santo e Víctor Pinto da Fonseca

Publicado a 12 de Novembro de 2015

18
11
a
16
10

PIERRE LARAUZA, CAZENGA VS LUANDA

Curadoria Pedro Sena Nunes e Ana Rita Barata

No contexto do 7º InShadow – Festival Internacional de Vídeo, Performance e Tecnologias.

Cazenga versus Luanda explora fenómenos urbanos contemporâneos e assuntos transculturais em Angola, onde a pobreza, o luxo e o turismo se encontram cara a cara. Um ensaio fotográfico de Pierre Larauza dedicado às mutações e à esperança.

Pierre Larauza (França, 1976) é um artista multidisciplinar que trabalha em projectos individuais ou colectivos nas áreas das artes visuais, dança e arquitectura. É director de arte e co-fundador da companhia de cinema e dança contemporânea sediada na Bélgica t.r.a.n.s.i.t.s.c.a.p.e com a coreografa Emmanuelle Vincent.

Cazenga versus Luanda explores and cross-cultural issues in Angola where poverty, luxury and tourism are facing each other. A photography essay by Pierre Larauza dedicated to mutations and hope.

Pierre Larauza (France, 1976) is a multidisciplinary artist working on individual and collective projects in the areas of visual arts, dance and architecture. He is art director and co-founder of the Belgian-based film and contemporary dance company t.r.a.n.s.i.t.s.c.a.p.e with the choreographer Emmanuelle Vincent.

Publicado a 12 de Novembro de 2015

18
11
a
16
01

ARTFUTURA – INTELIGÊNCIA COLECTIVA

Peter William Holden, HouseSpecial, Dvein, Gwenn Germain, Knate Myers, Alberto Mielgo, Erik Wernquist, Chez Eddy…

Curadoria Montxo Algora

ArtFutura é um Festival de Cultura e Criatividade Digital que celebra este ano a sua vigésima edição. Fundado em 1990 em Barcelona, nesta edição de 2015 percorre diversas cidades como Lisboa, Madrid, Berlim, Bogotá, Buenos Aires, Londres, México, São Paulo.

Em 2015, o programa do ArtFutura analisa o estado atual da criatividade digital sob o tema “Inteligência Coletiva”, destacando animação 3D, virais, motion graphics, etc. Para Lisboa, traz o seu programa audiovisual completo. Trata-se de um programa de mais de seis horas de duração que inclui Inteligência Coletiva, Artworks, 3D Futura Show, Futura Graphics, Feeding the Web, entre outros.

Publicado a 12 de Novembro de 2015