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Lights, Camera, Action – Retratos do Cinema
Renaud Monfourny

Curadoria: victor pinto da fonseca

Membro fundador e fotógrafo da revista «Les Inrockuptibles», Renaud Monfourny participou na identidade visual da prestigiada magazine com os seus retratos fotográficos a preto e branco. Mais de 25 anos depois, Renaud Monfourny, fotografou as personagens mais emblemáticas da música e das artes tal como Jean-Luc Godard, Björk, Serge Gainsbourg, Kurt Cobain, Marguerite Duras, Leonard Cohen, Gerhard Richter, Catherine Deneuve, Michel Houellebecq, Eric Cantona, Quentin Tarantino, Isabella Rossellini, etc. Fez exposições em Buenos Aires, Tokyo, Bruxelles, New York, Berlin, Lausanne, El Salvador, Thessalonique, Madrid e chez Colette à Paris; a sua obra é reconhecida no mundo inteiro.

Renaud Monfourny, é um dos mais reconhecidos fotógrafos franceses: fotógrafo, e editor de fotografia da prestigiada magazine les inRocKuptibles. O trabalho de Renaud revela uma simbiose perfeita entre criação artística e fotojornalismo. As suas fotografias são directas e sedutoras, elegantes e reais – mas, sempre um statement sobre o Instante da construção do olhar decisivo, para lá da superfície das coisas, algo muito útil na fotoreportagem!
Renaud Monfourny fotografa frequentemente nas áreas do cinema, da música e outras celebridades do mundo da cultura e do espectáculo, com uma distinta intuição para pessoas – o retrato em particular é o seu modo primeiro de expressão -, criando imagens de grande beleza e intimidade.

A génese do Instante na construção do olhar, que define uma concepção particularmente livre, nos retratos de Renaud, é uma experiência difícil de enunciar, porque não se encontra à ordem do intelecto, é um infinito que supera toda a compreensão, mas que, ao mesmo tempo, se presta a uma apreensão directa e, de certo modo, ilimitada.

Nas primeiras páginas de “À la recherche du temps perdu”, Proust, fala da sua pobre recordação durante muitos anos da cidade de Combray – em que não obstante, havia passado uma parte da sua infância -, antes que o gosto da “Madeleine”, sobre o qual volta frequentemente, o transportasse uma tarde aos tempos antigos. Como conclusão, o passado, constitui-se “fora do seu poder e do seu alcance, na sensação que qualquer objecto material provoca em nós, que ignoramos qual pode ser”.

Encontrar essa sensação, a incerteza, é o instante de Renaud Monfourny! A fotografia de Renaud consiste na interpretação apaixonada da sensação física, do momento! De uma maneira mais simples, podemos dizer que é uma viagem mental (que se dá) a partir da construção – da selecção e do juízo – da percepção: que percebe, aprende, recorda, e pensa toda a informação captada através dos sentidos. Ela começa com a captação dos sentidos e logo em seguida ocorre a percepção.

Depender da percepção, da memória, da imaginação, em tal questão não resulta de modo nenhum natural, não depende da realidade objectiva, mas da visão subjectiva (dos factos externos, sem perder a sua identidade existencial), a possibilidade de nos podermos apropriar das nossas informações como partes da nossa experiência. É um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno.

victor pinto da fonseca

Publicado a 15 de Setembro de 2017