
Auto-orientação, 2006, duas cadeiras siamesas de madeira, legos, MDF policromado e alcatifa sintética
Tudo sobre rodas
Apesar de percepcionarmos o espaço que nos rodeia e as prováveis consequências do seu envolvimento, tendemos, por diversas razões (muitas delas misteriosas) a resistir-lhe, como se de uma redoma necessitássemos de construir à nossa volta para nos protegermos das agressões vindas do exterior.
Felizmente, há alturas em que quando solicitados, sentimo-nos encorajados em quebrar essa mesma redoma, e com audácia explorar o mundo novo. – É tempo de deixar o que está para trás e “fazermo-nos à estrada”. O mundo exterior passa a revelar-se cada vez mais sedutor à medida que o consciencializámos. É entretanto nessa altura que resolvemos que caminhos percorrer, quais as direcções a tomar.
Quando em vez, adaptámos mecanismos de orientação, porque nos sentimos algo perdidos, confusos perante tanta informação diante dos nossos olhos.
Reorientados, tomamos então opções! É quando queremos deixar a nossa marca, porque descobrimos terreno fértil para investir. Invadimos o espaço encontrado e plantámos a nossa árvore, ali, junto das outras, para um dia mais tarde colher frutos.
Entretanto, ao longo da viagem, encontrámos um outro, que também navega à procura do seu rumo. Estabelecem-se pontos de contacto. Construímos uma ponte de ligação, maior parte das vezes frágil, porque tendemos a desconfiar. Contudo, permitimo-nos a que esse outro nos venha visitar, porque lá do fundo, queremos sempre é partilhar.
E cá vamos de novo por aí, “com a casa às costas”, de lugar em lugar, contactando este ou aquele, descobrindo isto ou aquilo, e onde claro, tudo pode acontecer, e acontece mesmo!
A viagem continua e sentimo-nos bem, porque não estamos só…
“Tudo sobre rodas”, como diria o meu novo amigo.
Pascal Ferreira