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Jan
Miúdos ao Sábado
Um país imaginado

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Ateliers de Expressão Plástica para Crianças no Edifício Transboavista VPF Art

Datas Sábados

Duração 2h30 (14:30 às 17h)

Idades dos 6 aos 12 anos (máx.12 crianças)

Preço 10€ por criança

Marcações Transboavista213433259 / 961106 590

Catarina Botelho 964 625 472

Local Edifício Transboavista – Rua da Boavista 84

Transportes Metro Cais do Sodré; Autocarros 60 e 727

Monitora Catarina Botelho + 1 Assistente

  

Miúdos ao Sábado

Os Ateliers “Miúdos ao Sábado” são um espaço de experimentação plástica, para crianças e jovens, que decorrem no contexto do edifício Transboavista – onde existem 3 espaços expositivos com 3 propostas diferentes de Arte Contemporânea.  

Pretende-se nestes ateliers desenvolver e estimular a experimentação plástica num atelier prático que se articula com os temas e obras de cada exposição patente numa conversa/visita prévia.

 

Atelier 1

Um País Imaginado

O que são fronteiras? O que é ser estrangeiro? Como são as outras partes do mundo? Que Línguas se falam e o que se lá come?

Sabemos que noutros países há praias com palmeiras; se come comida picante e peixe cru; que se vive em cabanas na selva ou em iglôs de gelo; falam-se outras Línguas;   há cangurus e cobras; prédios de 50 andares; desertos com camelos ou montanhas com neve.

Mas e se o mundo fosse um só país onde todos vivêssemos, como seria esse país?

Com embalagens, madeira, esferovite, entre outros desperdícios, e tintas de todas as cores vamos construir e pintar um país imaginado!

 

A partir da exposição “Convite Cordial” (na Plataforma Revólver), onde artistas de várias nacionalidades trabalham sobre as ideias de fronteira, viagem, migração, parte-se para a construção de um país onde todos pudéssemos viver. Um país imaginado e construído por cada menino.

Publicado a 31 de Janeiro de 2009

29
Jan
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21
Mar
VICE-VERSA
PASCAL FERREIRA

pascal-ferreira-vice-versa

II
Porque apesar de perto ser distante, é sempre de mais perto que olhamos o que queremos conhecer.

Assente nas finas estacas, a acentuar a instabilidade da construção, duas estruturas desnudam o processo de camada em camada. É o tempo e as circunstâncias que nos erguem. De arestas angulosas e superfícies planas vamos caminhando numa construção parcial que de nós fazemos.

A individualidade descentra-se, estendendo uma longa linha, como se o nosso percurso fosse sempre definido pela vontade de prolongamento num outro. Algures, no meio dessa vontade, edifica-se um momento. O encontro interrompe a aridez da pele. A cor intensifica a emergência de um não-eu que, simultaneamente, me define e, no gesto, me prolonga.

O que pensávamos de nós tem o tempo para acontecer. Pela acção caminham as palavras
onde “o ego se faz exterioridade” (Nancy, 1976). Na alteridade fica a função de recolher o traço do corpo actuante e que, apesar de subjectivo, será sempre uma forma de existirmos.

Eu sou perante ti, tanto quanto és perante mim, juízos cambiantes de um eu…
Juízos cambiantes de um tu.

Eu olho-te. Tu olhas-me.
Tu falas-me. E vice-versa…

Carolina Rito

Publicado a 29 de Janeiro de 2009

26
Jan
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21
Mai

inferno

“Apanhei o comboio que ligava Munchenhausen a Bocksbergforten (…) Depois do almoço Chiara permitiu-se acompanhar-me à minha cabine, nenhum de nós dois era dado a sestas e o seu irmão não viu inconveniente em estarmos os dois sós. Mal se sentou segredou-me sorridente que tinha roubado umas das colheres de prata da sobremesa. Mostrou-ma escondida no seu bolso. Fingi não achar piada mas nem ela nem eu acreditámos na minha tentativa de sermão (…) Passávamos entretanto pela montanha de Viberg (…) A paisagem que discorria pela janela era apenas marcada pela flutuação das linhas que demarcavam o espaço e permitiam distinguir o céu da terra, uma montanha da outra. Nada além de um conhecimento prévio poderia fazer supor que o fundo branco de toda aquela paisagem não seria um plano homogéneo. Chiara tinha acabado por adormecer lentamente encostada ao meu ombro. Não me queria mexer. Não queria fazer com que assim terminasse aquele contacto físico, ou fazer com que fossemos ambos confrontados com o inusitado da situação. Tal acabou por não ser uma questão já que a entrada do Sr. Pitt fez com que a acordasse sem pensar na sua posição. (…) Giovanni jogou a sua carta e pousou o olhar no meu ombro, reparei que algo do rouge de Chiara tinha manchado o meu fato.”
Hans-Joakim Skollenberg, Samarcanda, Assirio & Alvim

“John Knowles entrou na sala e os restantes polícias afastaram-se cama king size onde o corpo arqueado da jovem franzina jazia no cimo de diversas camadas de roupa ensanguentada. Longe de o impressionar o cenário não era dos mais dantescos. Já tinha visto manchas maiores em locais menos prováveis (…)
Como de costume, ficou no laboratório muito depois dos outros se terem ido embora (…) [John] espalhou todos os lençóis e cobertores no chão.
Juntos ocupavam a totalidade da sala. Verificou a fronteira das manchas e procurou identificar as pregas que permitiriam juntar o puzzle do jogo de cama e recriar a posição original do cadáver. Quando terminou verificou que tinha sido o sangue pressionado pelo corpo a imprimir o contorno deste nas telas (…)
Apagou as luzes e subiu para a cadeira. Os infravermelhos revelavam não só o plasma já entranhado e coagulado no tecido e a gordura humana de um número desconhecido de pessoas mas também uma profusão de salpicos demasiado distribuída e numerosa para ter origem em qualquer secreção humana.”
Steve Botnick, C.S.I. Las Vegas: Os Melhores Casos, Sic Livros

“(…) Como não conseguia dormir acabei por ir bater à porta de casa do meu pai. Recebeu-me surpreso e sentámo-nos no sofá. Falou-me de alguns livros (…) e sugeriu-me ir ao jardim zoológico.
Custou-me a conduzir já que a sonolência do ópio era potenciada pelo ronronar do carro. (…) O tigre roçava o vidro e estava a 15 centímetros da minha cara. Tentei estabelecer algum tipo de contacto visual mas os movimentos do tigre que o faziam ali passar eram constantes e recorrentes, pouco motivados pela nossa presença. O pai afastou-se para ver alguns dos quadrúpedes da sua infância e fiquei ali a olhar para as manchas dos três animais deitados ao sol.
Das informações frequentemente expostas nestes sítios ficámos a saber sempre as mesmas duas ou três parvoíces: os cornos dos rinocerontes são feitos de pêlos, os macacos são quase iguais a nós e os tigres nunca têm as manchas iguais. Nessa especificidade felina seria eventualmente possível um Ching Tigrês se conseguíssemos pôr uns 70 e tal tigres no mesmo espaço. Um qualquer sultão terá provavelmente feito algo assim.
Prometi-me a mim mesmo organizar tal infra-estrutura caso o meu futuro financeiro o permitisse. Teria uma sala gigante com setenta tigres, um chinês teria previamente atribuído um trigrama a cada um. Uma ou duas vezes por dia bradaria as minha inquietudes aos céus e lançaria algo assim impactante como um pavão vivo aos tigres e os primeiros a devorá-lo revelariam as maquinâncias do meu destino.”
Flavio Chini, O Sermão de Sta Apolónia aos Leões, Ed. Antipáticas

“O pequeno livro que Ramón tinha deixado esquecido dentro do saco da ginástica era sobre Numerologia. Laura ficou intrigada. Normalmente tinha pouco tempo para misticismos e coisas do género, não condizia com o seu perfil de mulher a braços com a contemporaneidade recorrer a estes métodos de garota incerta. Mas a curiosidade foi mais forte e uns minutos depois Laura tinha uma folha cheia de rabiscos na sua mesa da cozinha. O seu número de nascimento era o dois: A dualidade e a feminilidade, se o um é o deus bom o dois é o combate entre o bem e o mal, a vagina que se adapta à recepção do pénis. Estava certo, afinal não tinha ela bisbilhotado as coisas do seu novo amante? Investigou o número de Ramón e descobriu o 7, considerado um dos números mais sagrados e mágicos da tradição Judaico-Cristã, não tinha deus descansado no sétimo dia? (…) Ramon despiu o casaco que usava para andar de mota e pegou nela ao colo. “Tu és um sete, eu sou um dois” disse-lhe Laura, atirou-a para cima da cama reparando no seu livro aberto no balcão corrido da cozinha. ”
Federica Montseny, Há uma luz que nunca se apaga, Pergaminho

Luhuna Carvalho

Publicado a 26 de Janeiro de 2009

29
Jan
a
21
Mar

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Artistas: Alessandro Nassiri Tabibzadeh (IT), António Júlio Duarte, Beatrice Catanzaro (IT), Carla Esperanza Tommasini (IT), Claudia Tavares (BR), Daniela Dinkelmann (BR), Dani Soter (B), Gustavo Sumpta, Marta Sicurella (IT), Pablo Lobato (BR) e Patrícia Leal

Comissários: Beatrice Catanzaro, Dani Soter e Victor Pinto da Fonseca

Transboavista é um edifício sito na Rua da Boavista 84, que pretende ligar a Rua da Boavista em Lisboa a outros pontos de criação e produção de arte contemporânea, algures em Portugal e no Mundo, partindo do conceito “Pensar global e agir localmente”.

“Convite Cordial” é uma exposição sobre a importância nos dias de hoje -consequência de uma maior globalização -, da hospitalidade e migração. A exposição explora estas questões através da noção de convite cordial, compreendido como o acto simbólico que pode ser utilizado para se negociar entre dois ou mais imaginários, e na prática, trocar ideias.

“Convite Cordial” é uma exposição concebida para o Edifício Transboavista e a apresentar no espaço da Plataforma Revólver: o edifício dedica-se à produção e divulgação da arte contemporânea, independente, e sua cultura. A exposição -tal como o edifício – traça (sinaliza) a função de pretender construir uma realidade global, transformando eventualmente a Plataforma Revólver num “território transcultural”, em permanente mutação.

O mundo continua a mover-se: com os ventos da globalização a empurrarem o centro de gravidade económico e artístico para leste e oriente, Portugal terá de ter uma nova ambição de estabelecer parcerias -projectos comuns – com parceiros de outras culturas e civilizações, para assim acelerar o seu desenvolvimento cultural e ter capacidade de atrair outros. Estamos num novo século, já não existem divisões artificiais.

Assim, a exposição Convite Cordial visa estabelecer relações pessoais -transculturais- que desenvolvam a troca de ideias e diplomacia; Relações e troca de ideias entre pessoas (que se preocupam com a arte contemporânea), de forma a que se criem mais rapidamente condições de comunicação para que “estrangeiros” sejam bem recebidos e desenvolvam trabalho criativo em Portugal, e onde a arte assume um papel estratégico.

A partir deste enunciado o propósito é constituir uma exposição organizada por um grupo de 3 comissários (Beatrice Catanzaro (IT), Dani Soter (BR) e Victor Pinto da Fonseca), que seja o reflexo do entendimento do tema: desta maneira, cada comissário apresenta uma escolha pessoal de 3 artistas, associada directamente à intercessão de algumas questões relacionadas com o tema de trabalho de forma a constituir um todo.

«No seu estudo “The Turbulence of Migration” sobre as inúmeras razões pelas quais as pessoas migram, Nikos Papastergiadis faz questão de incluir as viagens dos artistas. “Os artistas não estão apenas entre os membros mais móveis de uma comunidade, são também, frequentemente, os batedores das transformações entre o local e o global”.
Podemos distinguir duas formas pelas quais os artistas e o tema da migração podem relacionar-se. Primeiro, o próprio artista pode levar uma vida de migração; e segundo o artista pode pegar na migração como o tema do seu trabalho.
Á primeira vista, poderia parecer que, relativamente aos artistas, fosse necessário distinguir cuidadosamente o termo migração do termo viagem (independentemente de curta ou longa) mas não é fácil fazê-lo. Actualmente, talvez coexistam ambos como parte de um fenómeno -a complexidade das viagens dos artistas no período moderno – cultural que permanece pouco analisado.
“Talvez tenha chegado a hora de os cientistas sociais encararem a representação mais complexa da realidade que resulta da sensibilidade artística”» Guy Brett

Beatrice Catanzaro, Dani Soter, Marta Sicurella, António Júlio Duarte e Gustavo Sumpta são viajantes entre culturas ou migrantes, artistas cujo trabalho seleccionei, como referência ao tema da exposição (Convite Cordial)

victor pinto da fonseca, proprietário do edifício Transboavista

Trajectórias não convencionais
Por Beatrice Catanzaro

Respiro fundo e sigo o CO2 a entrar pelas minhas narinas acima… Dirijo o ar para os pulmões e expando-o até à ponta dos meus dedos… repito o movimento, desta vez de dentro para fora directamente para o teclado com o qual estou a escrever.
E cá vamos nós…
A epistemologia do Delírio relaciona-se com a actividade de “andar fora do caminho habitual”; Em termos espaciais, poderia significar: passar as fronteiras da cidade.
Trajectórias não convencionais através de obstáculos/fronteiras/elementos sólidos.
Assim, delírio poderia descrever a actividade de um atleta que, seguindo a sua trajectória, percorre áreas que ainda não foram delineadas por caminhos.
As trajectórias, de facto são descritas no seu ponto de partida, como impulso/necessidade/urgência de começar. Aquela eleita representa uma dos milhares e possibilidades. Possibilidades essas que, por uma série de razões, não seguimos e sequer vemos.

Trans-border
Por Dani Soter

A ideia de reunir três artistas que abordam a questão da fronteira em seus trabalhos, surgiu após uma conversa com Victor Pinto da Fonseca a respeito do objectivo artístico da Plataforma Revólver_ espaço de livre circulação de ideias, de trocas, de encontros e corredor de expressões diferentes. Isto é, praticamente uma definição de “fronteira”, que é esta linha invisível, abstracta, que ao mesmo tempo separa e une, que é ponto de encontro, de passagem de um mundo para outro…A Plataforma Revolver pareceu-me, pois, o local ideal para abordar o conceito de fronteira e suas novas definições, examinadas pela arte contemporânea.
As fronteiras geográficas são tão questionadas quanto a arte. Elas incluem e excluem, se transformam, estão em constante mudança. É neste contexto que os artistas brasileiros Claudia Tavares (Rio de Janeiro), Pablo Lobato (Belo Horizonte) e Daniela Dinkelmann (São Paulo) fazem suas leituras sobre este assunto ora de maneira poética, ora se referindo ao espaço físico, ora sugerindo uma nova cartografia, usando expressões e suportes diferentes, como a fotografia, o vídeo ou mapas. São três abordagens distintas mas que levam o observador à uma única uestão: “toda fronteira é mesmo ilusão, traçada para nos assegurar”

Publicado a 26 de Janeiro de 2009

22
Jan

janeiro-2009

Publicado a 22 de Janeiro de 2009