Curadora Assistente: Noor Veiga
Artistas: Samira Abbassy, Arahmaiani, Marc Bijl, Cecília Costa, Agathe de Bailliencourt, Nezaket Ekici, Mathias Herrmann, Gregg Lefevre, Zak Ové, K P Rej, Isabel Ribeiro e Jinoos Taghizadeh
A noção de linhagem intelectual no campo cultural é muitas vezes usada para definir o paradigma e os princípios de conhecimento aceitável – estes concordantes princípios e ideias estão firmados como valores aceitáveis, tornando-se a referência central dos tempos da sua formação; uma forma de dirigir interesses correlacionados.
Em muitos pontos, os princípios de linhagem intelectual são semelhantes à propriedade intelectual, ambos actuando primacialmente como um mecanismo de vigilância e tendo uma intenção e um processo que possibilitam o engrandecimento da reputação (do seu produtor/inventor e da ideia/conhecimento). Na produção de conhecimento, a noção de intelectual torna-se uma propriedade olhada pela sua criatividade e medida pela sua capacidade de atrair o olhar a valores preservados pela «alta» (significado) cultura sistematizada – vagarosa mas fascinantemente amalgamada com uma série de outros valores propagados. As óbvias ramificações deste olhar são uma forma de confirmar – o que é intelectual e o que se torna propriedade – um conjunto de ideias que podem ser vistas como um dos meios que a sociedade tem de organizar a sua identidade – escolhendo o que se deve aceitar e recordar e, na mesma acção abrupta, evidenciando o que não deve ser recordado.
Este sentido do olhar é, naturalmente, guiado e protegido por super estruturas intelectuais, incluindo academias, instituições, organismos governamentais e think-tanks – grupos muitas vezes auto-regulados e baseados em ideais de estima «colectiva» ou de energias civilizacionais – a forja destas histórias e a decisão de construir podem ser interpretadas como criando narrativas e valores nacionais.
Quando se procura entender a rubrica de «Belas Artes», emerge um conjunto de valores semelhante a um quadro de crenças sobre o amor. É um sistema ilógico de pensamento e de percepção que tem gradualmente alcançado um rationale que pode ser lido e desempenhado a partir de todas as implícitas leituras possíveis.
A relação entre arte e amor tem sido uma emaranhada e misteriosa implosão que mitiga e alude através de uma série de observações que vêm «num olhar».
O conjunto proposto de trabalhos dentro do campo de Tough Love irá explorar o uso da arte em fornecer complementos exteriores para a noção de amor – uma jornada pessoal efémera composta por outras emoções mais provocatórias, incluindo o ódio, o desejo, a inveja e o destino.
Dirigindo-se a este campo emocional do comportamento humano, esta pequena mas pensada exposição e respectivas actividades performativas terão uma curadoria que vai permitir uma explanação artística do que sentimos dentro da esfera emocional. Uma universalidade cheia de objectivos expressivos, cruzando o pessoal e o societário, e procurando construir espaços e formas de lugares e de traços do próprio.
Os artistas seleccionados transportam para a exposição uma poética polémica do sofrimento, da dor e da alegria e esquecem o que sustenta e o que é material, nunca respondendo ao que cada um sente e que é tão importante como a própria vida.
Shaheen Merali