12
Mai-11
a
23
Jun-11
Shirin Sabahi, 2009, Present Participle, video (still), 24'12''

Shirin Sabahi, 2009, Present Participle, video (still), 24'12''

Artistas: Catarina Saraiva, Henning Lundkvist, Isabel Simões, Nuno Rodrigues de Sousa, Rui Mourão,  Shirin Sabahi, Wouter Van der Hallen, Yane Calovski
Coordenação: Filipa Valladares
 

O QUE PASSOU CONTINUA A MUDAR é um projecto que procura representar artisticamente questões em torno da ideia de memória enquanto processo em constante mutação.
A partir de uma temática central, a exposição engloba 8 artistas de diferentes linguagens, diferentes interesses conceptuais e diferentes nacionalidades (Portugal, Bélgica, Irão, Macedónia e Suécia), cujos trabalhos já foram apresentados em locais como: a Tate Britain Gallery, em  Londres; o Philadelphia Museum of Art; a Fundação Calouste Gulbenkian; a Kunstlerhaus Bethänien, em Berlim; a Mário Mauroner Contemporary Art, em Viena; ou a Manifesta 3 e 7.
Este projecto expositivo propõe interpelar a memória, não como algo objectivo – factualmente adquirido no passado e definidamente armazenado – mas sim como algo mutável, em permanente construção. Construção no sentido em que se faz presente cada vez que se recorda. Construção no sentido em que consciente ou inconscientemente se consubstancia como processo de reprodução onde há sempre algo que se altera. Construção no sentido em que a evocação de um momento ou evento passado, já não é passado: é presente. Tal como a cópia de um original já não é esse original.
A memória é pois um passado que se apresenta no presente como narrativa construída, como ficção. Ficção essa que, nesta exposição, é criada por um conjunto de artistas que apresentam uma polissémica articulação de diferentes olhares e múltiplas realidades espácio-temporais.

Publicado a 17 de Maio de 2011

12
Mai-11
a
23
Jun-11
La Belle Alliance
COLECTIVA
Joseph-Plateau, La Belle Alliance,1815, aguarela sobre papel 300gr

Joseph-Plateau, La Belle Alliance,1815, aguarela sobre papel 300gr

Artistas: André Catalão, Bas Scheevers, Lauren von Gogh, Niklaus Rüegg e Joseph Plateau
Curadoria: André Catalão

O nome desta exposição seria um pouco forçado não fosse o facto de este ser o título de uma aguarela feita por Joseph Plateau (1801-1883), famoso físico belga, que desde muito jovem perdeu os pais, vindo a adoecer de imediato. Na sequência desse trauma, o médico sugere, inocentemente, o seu retiro para uma pequena vila campestre, muito perto do lugar onde se viria a dar a batalha de Waterloo, à qual o jovem Plateau assistiria juntamente com as suas irmãs, em estado de choque. No dia seguinte, decide explorar o campo de batalha, deparando-se com a atrocidade abjecta desse acontecimento, despoletando nele o fascínio pelo entendimento e descoberta desse mundo, que se revela pela criação dessa aguarela. Nela é visível uma casa degradada, alguns soldados, cavalos bem como alguns feridos, procurando auxílio.

A obra original foi trazida propositadamente do Museu Dernier Quartier Général, em Genappe, para se integrar aqui como peça transitória entre a vida e obra de Plateau em conjunto com as reflexões de André Catalão, Bas Schevers, Lauren von Gogh e Niklaus Rüeeg. As suas linhas de orientação partem de alguma forma da vida do físico, coincidindo muitas vezes num ponto de fuga que sugere uma forte dose de matéria bruta, absurda ou por vezes subtil.

São exemplo disso as aguarelas de Lauren von Gogh, onde é feita uma comparação entre o seu pai e Plateau, naquela que é uma vida partilhada entre arte e ciência. O trabalho agrega-se sobre a coincidência do 60º aniversário de Roland von Gogh e a inauguração da exposição no dia 12 de Maio de 2011. To my Father on his 60th Birthday, é um presente constituído por quarto aguarelas, um texto e uma carta, para ser aberta e instalada na exposição.

Em Preparados para Cegos, André Catalão debruça-se numa das experiências ocorridas por Plateau resultante da sua cegueira. Na gíria popular diz-se que foi devido a olhar o sol durante tanto tempo, que o físico acabou por cegar. Esta série de aguarelas foi feita em colaboração com pessoas cegas dos arredores de Lisboa, considerando as suas imposições tácteis face ao modo de pintar.

L’archive des Ombres, é o nome da instalação criada por Niklaus Rüegg, onde apesar do caótico inerente à disposição das caixas de cartão, são considerados pequenos nichos de pintura, contendo cortes deliberados sobre aquilo que poderia ser uma página de BD. Suprime-se o que era supostamente fundamental, para que a mancha negra, o seu fantasma, desvie a leitura natural do observador, para um lugar-comum entre a ausência das coisas e as suas próprias consequências.

O Problema de Plateau é uma performance de Bas Schevers, feita propositadamente para a inauguração, onde é acompanhado por um vídeo musical do mesmo nome. Esse vídeo foi filmado em Lisboa por ocasião específica desta exposição, onde se desconstrói a posição de empreendorismo, bem como o acto falhado na vida de Joseph Plateau.

 

Artists: André Catalão, Bas Scheevers, Lauren von Gogh, Niklaus Rüegg e Joseph Plateau
Curated by André Catalão

This exhibition’s title would seem contrived without prior knowledge of the painting it is named after. Joseph Plateau (1801 – 1883) painted the watercolour, on display as part this exhibition, in 1815. Plateau, who went on to become a famous Belgian physicist, lost both his parents at an early age and was plagued with illness shortly thereafter. Subsequent to this trauma, he was relocated to a small countryside village close to where the famous battle of Waterloo would transpire. Together with his sisters, Plateau witnessed in shock the abject atrocities that unfolded on the battlefield. From this experience came La Belle Alliance, a small watercolour painting revealing, under an expansive blue sky, a damaged house on the side of a dirt road, a soldier on a horse, weapons and helmets strewn amongst the wounded and deceased along with incapacitated characters searching for help on the distant battlefield.
The original painting was brought to Lisbon specifically for this exhibition from the Musée Dernier Quartier Général in Genappe, to act as a transitory piece between the life and work of Plateau who was greatly concerned by visual theories of image and colour, against the reflections of André Catalão, Niklaus Rüegg, Bas Schevers and Lauren von Gogh. The thought process used to construct this exhibition started as a type of homage to Plateau through explorations into the life of the physicist. The works made specifically in relation to La Belle Alliance and the spirit of Plateau as a young boy, reveal a slight dose of brute, fueled by the absurd and occasionally subtle subject matter. 
Lauren von Gogh uses her father as a comparative figure to that of Plateau, based on serendipitous findings related to two lives dedicated to science and art. The work is brought together through a series of coincidences, culminating on the 60th birthday of the artist’s father and the opening of the exhibition on 12 May 2011. To my father on his 60th birthday is a gift made up of four original watercolour paintings by Roland von Gogh accompanied by a text and a letter that will be opened and installed at the exhibition. 

In Preparados para Cegos André Catalão makes reference to the blindness that struck Plateau, after an experiment where he stood looking at the sun for a long period of time. Catalão’s series of watercolours were made in collaboration with blind people from the outskirts of Lisbon, considering their tactile needs for painting.

Niklaus Rüegg’s in-situ cardboard sculpture, L` archive des Ombres, looks at Plateau’s past traumas as a point of departure. The black blot in Rüegg’s sculpture suppresses that which should supposedly be fundamental in the work – deviating the natural reading of the observer to a place between the absence and consequence of the object.

Plateau’s Problem will be performed live by Bas Schevers at the opening of La Belle Alliance accompanied by a music video of the same name, installed in the space. This music video is filmed in Lisbon on occasion of the exhibition, delving into ideas around failure and struggle in the life of Joseph Plateau.

Publicado a 17 de Maio de 2011

12
Mai-11
a
23
Jun-11
O Crepúsculo dos Deuses
JOÃO FONTE SANTA
João Fonte Santa, O Crepúsculo dos deuses, Impressão a jacto de tinta, 67x100 cm, 2011

João Fonte Santa, O Crepúsculo dos deuses, Impressão a jacto de tinta, 67x100 cm, 2011

João Fonte Santa
Licenciado em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes
O trabalho de João Fonte Santa tem sido apresentado em numerosas exposições individuais e colectivas, em galerias e instituições. As suas obras estão presentes em diferentes colecções privadas e públicas.
Colabora como ilustrador em diversas publicações nacionais e internacionais e dedica-se, também no âmbito da actividade artística, ao comissariado de exposições.
Fez parte do colectivo Sparring Partners.
(Évora, 1965). Vive e trabalha em Lisboa

O termo “O Crepúsculo dos Deuses (Götterdämmerung)” tem origem na mitologia nórdica, sendo uma tradução do épico Ragnarök que profetisa a guerra entre os deuses que leva ao fim do mundo.

O crepúsculo dos deuses acredita que os impérios (como tudo o que é humano), nascem, crescem, às vezes reproduzem-se, ficam senis e colapsam. No caso dos impérios, muitas vezes a melhor solução é a eutanásia.

O Crepúsculo dos deuses recusa ver o passado com olhos nostálgicos ou revisionistas. Para o Crepúsculo dos Deuses o passado é o enorme banco de dados onde se escreve o futuro.

O Crepúsculo dos Deuses não tem dúvidas de quem é, não levanta questões. O Crepúsculo dos deuses há muito que cumpriu a sua revolução pessoal.

O Crepúsculo dos Deuses tem ideias inovadoras para design impresso, web, interativo e dispositivos móveis, projetos de impressão e publicações digitais de alto impacto. Redefine o extraordinário no desenvolvimento e design para web. Crias vídeos para qualquer tela utilizando ferramentas de produção de alto desempenho. Cria projetos e distribui-os em várias mídias.

O Crepúsculo dos Deuses exige e reclama respostas. O crepúsculo dos deuses acredita na transformação coletiva da sociedade.
PS- Esta exposição é dedicada à memória de Hans-Ulrich Obrist, que morreu acidentalmente a 11 de Setembro de 2011 durante a libertação do seu iate pela marinha francesa, ao largo das Seicheles, quando esta confundiu  a performance que H-U Obrist estava a preparar com piratas somalis com um rapto real.

Publicado a 17 de Maio de 2011