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RÁDIO EUROPA LIVRE
PLATAFORMA REVÓLVER PROJECT

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Plataforma Revólver Project.Sala 2
RÁDIO EUROPA LIVRE

Curadoria João Fonte Santa

João Fonte Santa, Margarida Dias Coelho, Maria do Rosário Maia, Susana Gaudêncio

“Vim aqui para mascar pastilha elástica e partir tudo… e as minhas pastilhas acabaram.”*
RADIO EUROPA LIVRE é uma exposição de artes plásticas, e resulta de um choque frontal em linha de alta velocidade de via única entre a Queda do Muro e a Primavera Árabe.
RADIO EUROPA LIVRE acredita na compaixão generosa e espontânea; na solidariedade baseada numa ética perigosamente igualitária: pare e dê boleia a uma família. Jamais fure uma greve, mesmo que a sua família não tenha dinheiro para pagara renda de casa. Compartilhe seu último cigarro com um estranho. Roube leite quando não tiver para os seus lhos e ofereça metade aos lhos do vizinho. Ouça atentamente os sagazes e serenos que perderam tudo, menos a dignidade. Cultive a generosidade do “nós”. O que quero dizer, suponho, é que […] adoro as crianças corajosas que estão prontas para enfrentar o próximo inverno e passar frio nas ruas, bem como seus irmãos e sem abrigo.
Fique atento à verdadeira recompensa: a democracia económica – o direito de as pessoas comuns tomarem macro-decisões sobre o investimento social, taxas de juros, uxo de capital, criação de empregos e afins. Se o debate não for sobre o poder económico, ele é irrelevante!
A pobreza é a pior forma de violência.
A Radio Free Europe/Radio Libertyé uma estação de rádio e organização de comunicação fundada pelo Congresso Norte-Americano e pela C.I.A., durante a guerra fria com o intuito de difundir propaganda norte americana nos países de influência soviética. Com o m do bloco de Leste a Radio Free Europe passou a orientar a sua atenção substancialmente para os estados (muçulmanos) do Médio Oriente e Ásia Central.
A Radio Free Europe actualmente está instalada em Praga, na Republica Checa.
Este texto foi compilado a partir de uma recolha de notícias e opiniões das agencias de noticias e do filme “Eles Vivem” de John Carpenter.

Publicado a 2 de Dezembro de 2011

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By transboavista at 2011-12-05

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SUBTLE CONSTRUCTION

Carlos Bunga, Matias Machado Cristian Rusu, Sancho Silva, Yukihiro Taguchi, Sinta Werner

Curadoria Marta Jecu

A exposição Subtle Construction tem como objectivo explorar as potencialidades do espaço construído, da construção na sua forma minimal. Esta exposição representa uma tentativa de investigar a arquitectura transformável. Terá em consideração as qualidades flexíveis, performativas e generativas da arquitectura. O projecto parte do entendimento que a arquitectura que não está ligada a um certo aparelho de mediação ou forma visual. É concentrado na arquitectura efémera e em formas transitórias dos processos de construção.
Os artistas envolvidos trabalham com o espaço, a ausência, temporalidades sobrepostas e configurações espaciais, numa pluralidade de meios, tais como o desenho, a instalação, a performance e a animação de objectos. Os trabalhos estão ligados ao espaço vazio, à ausência de acção e narração, o outro lado da visibilidade. Tornam assim possível a experiência de uma dimensão virtual dos seus ambientes, trazendo à consciência potencialidades não manifestadas de locais, situações e objectos. Estes tornam-se actuais, experimentáveis, através do complexo processo de construção, no qual o artista actua, documenta e reencena.
Subtle Construction propõe uma investigação sobre as possibilidades contemporâneas da realização do virtual, a qual não depende de meios digitais, mas que acarreta a consciencialização filosófica da era digital. As construções resultam de processos que sobrepõem espaços e varias temporalidades com modos básicos e extremamente minimais de lidar com o espaço e o objecto. Todos os trabalhos têm em comum a preocupação com a representação analítica do espaço e uma abordagem do quotidiano que está próxima dos receptores e interage com estes processualmente. A performatividade, pela sua afirmação natural e forma de expressão de situações e ambientes é entendida como activa, trazendo movimento ao espaço e gerando um processo de transformação. As obras são mediações da presença histórica, padrões de representação, de teatralidade, trazendo um registo de intensidade na arquitectura.
É parte integrante da exposição Subtle Construction a escultura performativa de Hironari Kubota, The spinning idol ~ ???? Senjyu-Kannon. A performance será realizada no dia 15 e 19 de Novembro e a peça continuará em exposição até dia 31 de Dezembro no Jardim das Oliveiras, no CCB, com o apoio do Museu Colecção Berardo.
Subtle Construction conta também com um livro teórico (Bypass Editions) dedicado ao virtual e ao imaginário na arquitectura, com as contribuições de Luis Santiago Baptista, Sancho Silva, Manuel Aires Mateus, Carlos Bunga, João Silvério, Pedro Gadanho, Sinta Werner, Dana Bentia, Matias Machado, Garrett Ricciardi e Julian Rose, Yukihiro Taguchi, Cristian Rusu, Hironari Kubota.

Apoios: Japan Foundation, Câmara Municipal de Lisboa, Romanian Cultural Institute, Goethe Institute, Gamut, Largo Residências, Plastimar, Museu Colecção Berardo, Turismo de Lisboa, Embaixada da Argentina, Plataforma Revólver,Artecapital.net, Sobreira & Serras, Arta.

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SUBTLE CONSTRUCTION

curator Marta Jecu

Carlos Bunga, Matias Machado, Cristian Rusu, Sancho Silva, Yukihiro Taguchi, Sinta Werner

The exhibition S u b t l e C o n s t r u c t i o n is meant to explore the potentialities of built space and to investigate transformable architecture. It will take into consideration the flexible, performative and generative qualities of architecture. The project has a starting point an understanding of architecture that is not connected to a certain medial device or visual form. It is concentrated on ephemerous architecture and transitiory forms of building processes. The artists involved work with architectural space in a plurality of media like drawing, installation, performance, animation, object. The works deal with empty space, absence of action and narration, the reverse side of visibility. They make possible the experience of a virtual dimension of their environments by bringing into consciousness unmanifested potentialities of places, situations, objects. These become actual, experienceable, through complex building processes, which the artist perform, document, re-enact.
S u b t l e C o n s t r u c t i o n intends to propose an investigation of contemporary possibilities of realization of the virtual, which is not dependent on digital means, but which carry the philosophical awarenesses of the digital era. Constructions result from processes that superpose spaces and various temporalities with extremely minimal, basic modes of dealing with space and the object. All the works have in common a concern with an analytical representation of space and a quotidian approach, that is close to the receptors and interacts with them processually. The performativity, by which the natural affirmative, expressive power of situations and environments is perceived as active, brings movement into space and generates transformation process. The works are meditations on historical presence, patters of representation, on theatricality, and bring a register of intensity in architecture.
As part of Subtle Construction is also the performative sculpture of Hironari Kubota The spinning idol ~ ????Senjyu-Kannon which will be performed on the15th and 19th November and shown until the 31st of December 2011 in the CCB Olive Tree Garden and is supported by the Berardo Collection.
Subtle Construction issues also a theoretical book issued by Bypass and devoted to the virtual and the imaginary in architecture, which benefits of the contribution of Luis Santiago Baptista, Sancho Silva, Manuel Aires Mateus, Carlos Bunga, Joao Silverio, Pedro Gadanho, Sinta Werner, Dana Bentia, Matias Machado, Garrett Ricciardi and Julian Rose , Yukihiro Taguchi, Cristian Rusu, Hironari Kubota.

Sponsors and Partnerships:
The Japan Foundation, Câmara Municipal de Lisboa, Goethe Institute, Romanian Cultural Institute, Museu Colecção Berardo, Plastimar, Largo Residencias, Gamut, Turismo Lisboa, Embaixada da Argentina, Transboavista, Sobreira & Serras, Plataforma Revolver, Arta

Publicado a 2 de Dezembro de 2011

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URBSCAPES:Espaços de hibridação

Curadoria Alicia Ventura

Bleda y Rosa (Prémio Nacional de Fotografia de Espanha), Gerardo Custance, Rafael Liaño, Anna Malagrida e Mathieu Pernot, Ángel Marcos, Mireya Masó, José María Mellado, Eduardo Nave, Jesús Rivera, Adrian Tyler e Jorge Yereguiv

A paisagem submete-se à arquitetura. O homem, como animal urbano, apropria-se da natureza, impondo-lhe formas, estruturas, movimento, som. Urbscapes: Espaços de Hibridização, mostrará a obra de diferentes artistas fotógrafos cujos trabalhos estão relacionados com a paisagem e a arquitetura partindo de uma visão linear do tempo, onde coexistem o natural e o edificado. A exposição analisa as intenções e intervenções que se foram sucedendo na paisagem nas distintas escalas do território, sem esquecer as propostas líricas que saboreiam o aroma da paisagem com outros parâmetros.
Representações da destruição da paisagem e sua própria desnaturalização, a marca da transformação urbana dos bairros, uma cidade fantasma capaz de conservar uma última presença das vidas e das histórias, mesmo antes da sua definitiva desaparição. Lugares míticos que construíram a nossa história e que agora se presentam como aprazíveis campos de cultivo ou desertos rochosos. Reflexões sobre o mutismo e a mutilação que parte da vulnerável relação vital entre o homem e o seu ambiente natural. Retratos da ausência de vida como um chamar de atenção e cuidado face ao ecossistema. Melancolia face à velocidade que caracteriza a sociedade atual. A colisão entre a paisagem urbana e a rural. A reconstrução do ambiente urbano e a Natureza como paisagem. A presença natural nas cidades. A divulgação do pensamento sustentável e da proliferação de discursos respeitosos com o medio ambiente. A dominação da natureza selvagem sobre o abandono e o devir histórico. É a presença visível da mudança.

A chegada da fotografia e a sua utilização como linguagem artística e profissional serviu, entre outras muitas coisas, para alterar definitivamente a ideia de género da paisagem. Se na pintura clássica o género reflecte tímida e escassamente a criação e evolução da cidade, a fotografia encarregar-se-á de reclamar esse modelo de mudança, diferente. A cor, a ideia canónica de beleza ver-se-á assim alterada pela chegada de uma grande variedade de conceitos estéticos nos quais o ressurgir da arquitectura será um elemento chave. O branco e preto e os cinzentos, as luzes e as sombras, a ausência de pessoas, o protagonismo dos edifícios civis, a ideia de paisagem como linha de edifícios… Hoje em dia é a fotografia a que evolui e explora um género que já é uma ideia: a paisagem.

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URBSCAPES: Espacios de hibridación

Comisaria Alicia Ventura

Bleda y Rosa, Gerardo Custance, Rafael Liaño, Anna Malagrida y Mathieu Pernot, Ángel Marcos, Mireya Masó, José María Mellado, Eduardo Nave, Jesús Rivera, Adrian Tyler, Jorge Yeregui

El paisaje se pliega a la arquitectura. El hombre, como animal urbano, se apropia de la naturaleza, imponiéndole formas, estructuras, movimiento, sonido. Un puente, una carretera, un edificio, un jardín, circuitos, llegando al paradigma final que es la propia ciudad.
La cultura cambia, cambian los medios técnicos, las relaciones con las formas físicas del territorio adecuándose a la necesidad e interés de los hombres en cada momento. Al hecho, por una parte, de estar el espacio “físicamente construido” y de las necesidades biológicas universales. Quizá esto sea lo que necesitamos reconocer como condiciones básicas primarias para escuchar al paisaje.
La llegada de la fotografía y su uso como lenguaje artístico y profesional ha servido, entre otras muchas cosas, para cambiar definitivamente la idea de género del paisaje. Si en la pintura clásica el género refleja tímida y escasamente la creación y evolución de la ciudad, la fotografía se encargará de reclamar para ella ese modelo cambiante y diferente. El color, la idea canónica de belleza se verá así alterada por la llegada de una gran variedad de conceptos estéticos en los que el resurgir de la arquitectura será un elemento clave. El blanco y negro y los grises, las luces y las sombras, la ausencia de personas, el protagonismo de los edificios civiles, la idea de paisaje como línea de edificios… Hoy en día es la fotografía la que evoluciona y explora un género que ya es una idea: el paisaje.

Urbscapes: Espacios de Hibridación, mostrará la obra de diferentes artistas fotógrafos cuyos trabajos están relacionados con el paisaje y la arquitectura partiendo de una visión lineal del tiempo, en donde coexisten lo natural y lo edificado. La exposición trata de analizar las intenciones e intervenciones que se han ido sucediendo en el paisaje en las distintas escalas del territorio, sin olvidarse de aquellas propuestas líricas que saborean el aroma del paisaje con otros parámetros.
Representaciones de la destrucción del paisaje y su propia desnaturalización, la huella de la transformación urbana de los barrios, una ciudad fantasma capaz de conservar una última presencia de las vidas y las historias justo antes de su definitiva desaparición. Lugares míticos que han construido nuestra historia y que ahora se presentan como apacibles campos de cultivo o yermos pedregales. Reflexiones sobre el mutismo y la mutilación que parte de la vulneración de la relación vital entre el hombre y su entorno natural. Retratos de la ausencia de vida como reclamo de atención y cuidado hacia el ecosistema. Melancolía frente a la velocidad que caracteriza a la sociedad actual. La colisión entre el paisaje urbano y el rural. La reconstrucción del entorno urbano y la Naturaleza como paisaje. La presencia natural en las ciudades. La divulgación del pensamiento sostenible y la proliferación de discursos respetuosos con el medio ambiente. La dominación de la naturaleza salvaje sobre el abandono y el devenir histórico. Es la presencia visible del cambio.

Publicado a 2 de Dezembro de 2011

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PANÓPTICO
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PANÓPTICO

Curadoria Pedro Cabral Santo

Ariel Pinheiro, Patrícia Guimarães, Ana Sofia Martins, Miguel Faro, Ana Viotti, Sibila Lind, Tiago Gonçalves, Carlos Amaral, Carolina Ferreira, Catarina Ruas, Darsy Fernandes, Nikita Novitsky, Inês Ferreira, Sofia Caldeira, Carolina Soares, Maja-Escher

Ser finalista é ter chegado ao limite de um território, ter atingido uma meta ou, ainda, como diz o dicionário, “ter atingido a parte mais perfeita de alguma coisa”. Hoje é esse o sentido mais legítimo da perfeição: acabar aquilo que se começou atingindo a perfeição das coisas na certeza da sua incompletude, da sua contingência e da sua circunstância. Os objetos perfeitos que daí resultam aí estão, oferecidos como espetáculo, i.e., encenados na teatralidade que os dá a ver como objetos que se mostram à visão num lugar que é, antes de tudo, um instrumento visual.
Situados na convergência do exercício da teoria e do olhar a que ela alude (porque na cultura ocidental todo o conhecimento nasce e estrutura-se no ato de ver), e da sua aplicação prática que fixa numa imagem aquilo que se observou, estes objetos dão-se a conhecer sob o conceito de panóptico que os finalistas decidiram como figura tutelar da sua exposição. E sabemos como o panóptico sendo, na leitura de Foucault, a “figura arquitectural” que Jeremy Bentham inventou no século XVIII como modelo de prisão, mais não é do que um dispositivo que permite “ver sem parar e reconhecer imediatamente”. Este dispositivo (esta “armadilha da visibilidade” como o designa Foucault) marca duplamente uma separação: a de um interior – lugar onde são exiladas todas as diferenças – e um exterior – lugar onde é exercido o poder de as exilar e a de uma separação que, fundada no próprio ato de ver e na distância que ele implica, instaura uma fractura que quebra a reversibilidade do próprio olhar porque ou se vê sem nunca ser visto ou se é visto sem nunca ver, na definição de um novo regime de visibilidade no qual a condição de ser visível se torna o programático objecto de uma invisível vigilância exercida já não sobre a comunidade abstratamente considerada mas sobre um indivíduo concretizado na visão que o vigia.
Este é o cenário conceptual da exposição deste grupo de alunos finalistas da primeira edição da licenciatura de Arte Multimédia estruturada segundo as diretivas de Bolonha, cujo início teve lugar no ano lectivo de 2008-2009 permitindo, nos dois últimos anos, e depois de um primeiro ano comum, a opção por uma das variantes do curso: Ambientes Interativos, Animação, Audiovisuais, Fotografia e Performance/Instalação.

É nesses domínios que as obras expostas se inscrevem, sendo eles que se iluminam com a sua presença que é afinal a presença da perfeição do humano na certeza da sua incompletude, da sua contingência e da sua circunstância.
Em Cicatriz, Carlos Amaral faz da pele fotografada, não um lugar de inscrição, mas o ecrã onde as marcas agora luminosas nos devolvem o informe que sob ela existe e onde, de acordo com Valéry, o humano se suspende. Nas seis imagens de Desconstrução, Catarina Ruas trabalha a relação entre um original e as suas reproduções a partir de um duplo conceito de vazio: o que a sua proliferação provoca e o que decorre do desinvestimento afectivo presente no ato que delas se apropria. Aqui Dentro é a animação em que Darsy Fernandes e Nikita Novitsky contam a história de um rapaz que viaja pelo seu passado nele descobrindo o impossível equilíbrio entre o seu mundo interior e o mundo existente fora de si. O video Reflexo Reflectido, de Miguel Faro, mostra à escala real a interacção entre uma imagem e o seu reflexo e a porosidade espacial que as define sempre que é ameaçado o frágil limite que as separa. Na animação Sem-título, de Patrícia Guimarães, uma mulher e um homem feitos de carne comem(-se) antropofagicamente a matéria do seu próprio corpo. Através da animação do positivo e do negativo de três quadrados, Tiago Gonçalves explora, em Loop, o compromisso entre o movimento potencial da peça e a reminiscência do movimento que a constrói por acção de um sujeito. Na instalação Lavadeiras, Ariel Pinheiro figura no sabão azul e branco e no cheiro que ele exala a delicadeza de um feminino tradicionalmente associado à lavagem da roupa. Na vídeo-instalação Ponto de vista. Ponto de fuga, Carolina Soares demonstra a ontologia e a reversibilidade da imagem, sempre confundida com o feminino, a partir da sobreposição entre o ponto de vista, o ponto de fuga e os clarões luminosos que intermitente e momentaneamente a apagam. Dada Excites Everything, de Sofia Caldeira, é uma animação onde o movimento, jogado em ambíguas referências entre as quais se inscrevem os postulados dadaístas, gera sequências visuais que escapam à tirania da imobilidade da razão. Na série de fotografias intitulada Aus! Ich bin Josefina, Sibila Lind faz coincidir o retrato de uma mulher com o retrato do lugar de uma ausência que ela insiste em habitar através do seu corpo que recorda. A partir da observação das estufas e das estruturas das hortas urbanas de Londres, cidade em que viveu no âmbito do programa Erasmus, Maja Rieger, na instalação Compressed Nature, questiona o fenómeno urbano contemporâneo na medida do cerco que ele impõe a uma Natureza sempre disposta a cooperar.

Dias de Cão é o título encontrado por Inês Ferreira para o conjunto de fotografias tipo-passe que, despojadas do artifício da fotogenia, aludem aos dias que passam na clausura do auto-retrato. No vídeo How long Have I been here, Ana Sofia Martins faz depender a identidade e a sua perda iminente da não linearidade do tempo e da memória e da impossibilidade de retorno que se instala no vazio que o som da peça paradoxalmente sublinha. Na animação que Carolina Ferreira desenvolveu no Brasil no âmbito do programa Erasmus, O Tucano do Morro da Batucada é simultaneamente o personagem em que a natureza delega a celebração da sua exuberância e o signo da presença de uma cultura indígena na língua brasileira. Na série de fotografias Tempo-corpo, Tempo-máquina, Ana Viotti faz de uma cadeira o palco onde o corpo oscila entre a representação da mecanicidade do tempo e a sua organicidade.
Um número quantifica e identifica. Como os números de polícia que nas ruas identificam as casas e cujo princípio é seguido na ordenação dos números das portas nas salas de todas as escolas ou como os números que nas estatísticas oficiais quantificam o insucesso ou o sucesso escolar. 3.07 foi o lugar de muitos encontros e, neste contexto, tornou-se o lugar dessa memória, como o entende Pierre Nora, feito de lembranças e esquecimentos cristalizados em documentos e monumentos. Mas é também um lugar na memória, no sentido que para ele encontra Hans Belting, que é o do lugar como dispositivo ao qual eles voltam para poderem continuar a existir. É nesse lugar que eu vejo e oiço ainda estes e outros alunos; é daí que, em meu nome e em nome de todos os docentes que com eles trabalharam, lhes agradeço o seu sucesso, desejando que continuem a saber ser aquilo que foram na sua passagem pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Desejando sobretudo que cada um deles possa encontrar e exercitar a sapiência tal como Roland Barthes a definiu no fim da sua lição inaugural no Colégio de França: “Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria e o máximo de sabor possível”.

Maria João Gamito

Publicado a 2 de Dezembro de 2011