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BURNOUT
Orlando Franco

BurnOut é o título do último projecto de Orlando Franco a ser apresentado na Plataforma Project 2. O artista explora, um
conjunto de linhas de abordagem e caminhos possíveis, em torno do tema, ao qual se auto impôs. A exposição apresenta,
objectos e imagens, que reformulam questões e premissas de acção suspensa.
Este projecto desvenda um universo pré-existente de pensamentos, discursos, processos inerentes ao trabalho do artista.
Repisados e repensados de forma exaustiva, com intensidades pico, ora pacíficos, ora não. Através deste conjunto de
imagens e objectos propõe questionar um ambiente (interior/exterior) apropriadamente designado por Burnout, um
estado associado a uma acção repetitiva com diferentes graus de intensidade, culminados num extremo que criam, dão
lugar a outro estado, com manifestações i/materiais. O efeito, a marca, a suspensão, a evidência entre estes dois estados,
o rasto da sua passagem, são imagens que o artista dá a ver a um espectador disposto.
Burnout é o termo de eleição, proposto pelo artista não como título da exposição, mas como algo que define um universo
particular pré-existente, de uma problematização com dimensões físicas e conceptuais. Para ele todo o processo é um
Burnout. Seja um processo direccionado para a obra em si, seja inclusive para o acto de revelar, de dar à luz um conjunto
de obras num acto público e expositivo. Nesta exposição presenciamos um questionamento sobre algo que se antevê o
seu culminar, com olhos fixos no seu percurso que pensamos já conhecer. Todos os detalhes são um somatório de acontecimentos
potenciados pelo contexto, muitos dos quais já exercem uma acção de domínio e de um poder pré-existente.
Sem fuga. No seu espaço expositivo e encenação procura não deixar indiferença ao peso, á pressão que paira e atinge o
espectador com a ideia de um ato pungente, doloroso, condicionado e repetido, uma vez mais. As narrativas de um ato,
que se transformam em algo que pode remeter, ainda que vagamente, para uma poesia visual.
Do domínio da máquina, da manipulação da imagem nascem desenhos, sonoridades, novas imagens, que nos falam da
metáfora daquele gesto e do seu tempo. O artista cria um percurso imaginário e convidativo que leva o espectador a
percorrer a distância imaterial da acção/gesto e do seu efeito, da sua impressão/marca. A máquina, o homem ou o animal
surgem como sujeitos da acção, da acção que nos distrai pela sua repetição, e nos surpreende com a sua marca.
O artista apresenta um conjunto de obras que passam pelos meios do desenho, fotografia, escultura e vídeoinstalação.
O vídeo Untitled (Wind) conta com a colaboração de Cláudia Efe que interpreta e produz a composição sonora.
Rita Firmino de Sá, Maio 2013

Publicado a 7 de Junho de 2013