20
Jan
a
11
Mar
Tudo sobre rodas
PASCAL FERREIRA
auto-orientação, 2006, duas cadeiras siamesas de madeira, legos, MDF policromado e alcatifa sintética

Auto-orientação, 2006, duas cadeiras siamesas de madeira, legos, MDF policromado e alcatifa sintética

Tudo sobre rodas

Apesar de percepcionarmos o espaço que nos rodeia e as prováveis consequências do seu envolvimento, tendemos, por diversas razões (muitas delas misteriosas) a resistir-lhe, como se de uma redoma necessitássemos de construir à nossa volta para nos protegermos das agressões vindas do exterior.
Felizmente, há alturas em que quando solicitados, sentimo-nos encorajados em quebrar essa mesma redoma, e com audácia explorar o mundo novo. – É tempo de deixar o que está para trás e “fazermo-nos à estrada”. O mundo exterior passa a revelar-se cada vez mais sedutor à medida que o consciencializámos. É entretanto nessa altura que resolvemos que caminhos percorrer, quais as direcções a tomar.
Quando em vez, adaptámos mecanismos de orientação, porque nos sentimos algo perdidos, confusos perante tanta informação diante dos nossos olhos.
Reorientados, tomamos então opções! É quando queremos deixar a nossa marca, porque descobrimos terreno fértil para investir. Invadimos o espaço encontrado e plantámos a nossa árvore, ali, junto das outras, para um dia mais tarde colher frutos.
Entretanto, ao longo da viagem, encontrámos um outro, que também navega à procura do seu rumo. Estabelecem-se pontos de contacto. Construímos uma ponte de ligação, maior parte das vezes frágil, porque tendemos a desconfiar. Contudo, permitimo-nos a que esse outro nos venha visitar, porque lá do fundo, queremos sempre é partilhar.
E cá vamos de novo por aí, “com a casa às costas”, de lugar em lugar, contactando este ou aquele, descobrindo isto ou aquilo, e onde claro, tudo pode acontecer, e acontece mesmo!
A viagem continua e sentimo-nos bem, porque não estamos só…

“Tudo sobre rodas”, como diria o meu novo amigo.

Pascal Ferreira

Publicado a 10 de Março de 2006

23
Set
a
5
Nov
Blanco y Negro
PEDRO CABRAL SANTO

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Um projecto feuturing desenvolvido por dois autores: Pedro Cabral Santo que produz pranchas gráficas a preto e branco, cuja única lógica é construir aleatoriamente sequências puramente visuais, e Tiago Gomes que, numa curiosa inversão do sentido que convencionalmente regula a relação entre as palavras e as imagens., produz um texto para essas pranchas, estabilizando-as na banalidade de uma escrita puramente light.

Uma constelação de estrelas, mais ou menos próximas, mais ou menos célebres, constitui o universo referencial do projecto cujo título, Branco y Negro, define na conjunção que liga estas duas palavras, o seu último sentido não partilha de duas identidades, mesmo que opostas (como o branco e o negro), sem apagamento de qualquer uma delas.

Muitos ou poucos, os martinis, constantes no sub-título, fazem parte da história que os autores nos quiseram contar. Ou talvez não.

M.J.Gamito

Publicado a 22 de Setembro de 2005

1
JUL
a
17
Set
Color Paintings
ANA CARDOSO

untitledchaises87x77cm2005

Instantâneos fotográficos, composições, colagens e desenhos são o ponto de partida desta pintura. Ela faz-se através de um trabalho de edição onde a narrativa é suspensa e o jogo da cor emerge. A cor é o seu elemento principal, intensa na vibração e na leveza. Ela inverte e reinventa os lugares e as imagens. Mas também a velocidade da vida contemporânea, reordenando um espaço imaginário de situações, impressas em imagens de revistas, colecções, museus.
Estas pinturas agrupam-se como uma estrutura temporária e instável. Espaços brancos, partes interrompidas, elementos misteriosos participam nessa interacção. Vivem entre figuração e abstracção, sublinhadas por uma estranheza de referências e de informação. Com diferentes tipos de pintura citados e justapostos.

Publicado a 30 de Junho de 2005

14
Jan
a
5
Mar
Frozen Yogurt Potlash
JOÃO FONTE SANTA

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O Objecto Ausente

A proliferação de “manuais”de sobrevivência através de “logos” espalhados pelos media e pelos espaços urbanos, devolve a cada cidadão uma sensação de securidade, propulsora de um sentido de integridade física subjectiva. Na série Frozen Yogurt Potlash, Fonte Santa reporta-se a esses manuais de modo a (re) constituir a existência efectiva do sujeito, no aglomerado da dita aldeia global. Forçando-se a uma extrema passividade, o autor reproduz fielmente os dados inscritos nas mensagens, até a indentificação com o referente tomar o carácter de mimetismo, de uma camuflagem que declare a rigorosa ausência do sujeito.

Ausência efectuada por uma estreita proximidade, que as pinturas demarcam pela escala portátil e individualizada, imprimindo um eco da objectualização do próprio agente do mimetismo.
A passagem do readymade, na mimesis inicial, para a constituição da pintura como, a um tempo, objecto e matéria plástica, denuncia a sequência das oprações efectuadas, de um regime identitário para um regime analítico, patente na autonomia final das pinturas, relativamente ao seu mesmo referente. Não obstante, o retorno à condição inicial afirma-se de modo derradeirro, pela apresentação do conjunto das pinturas sob condição serial. Condição que desencadeia a constituição de uma desdobra potencialmente incessante de cada objecto-pintura e, como tal, acaba por remetê-las para um regime de indiferença generalizada. Convocando uma distância ontológica, Fonte Santa instiga a possibilidade de um mimetismo activo, ao deslocar a autoria dos referentes do Estado para cada um dos cidadãos. Pela – consciência – da (auto) instituição enquanto objecto, pode o sujeito diluir-se na multidão e, assim, percorrer o fluxo ininterrupto da existência.

Fernando Ribeiro

Publicado a 12 de Janeiro de 2005

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