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METAFORMOSAS
Gabriela Gusmão

“Zhuang Zhou, o filósofo taoísta, certa vez sonhou que era uma borboleta a voar num campo aberto e florido ao sabor do vento. Quando acordou, já não havia vento e as asas tinham desaparecido. Encontrou-se a si mesmo como homem deitado numa cama dura e não mais no campo florido. Ele perguntou-se qual seria a realidade e qual o sonho: serei eu um homem que sonha ser borboleta ou uma borboleta que sonha ser homem?”
A imagem poética do sonho de Zhuang Zhou inspira esta exposição onde Gabriela Gusmão apresenta fotografia, filme e instalação.

Metaformosas: obra processo em estado poético entre a metáfora e o sonho. As Metaformosas versam sobre a formosura da metamorfose e seus movimentos. O primeiro movimento, o rastejar, revela-se no filme “Pilar, a equilibrista”. As fotografias da série “Perplexa” referenciam o segundo movimento, a aparente não-ação, o sonhar. Durante o sono profundo da crisálida dá-se a sua transformação num ser alado. No filme “Actinote Surima”, uma borboleta resiste ao terceiro movimento, mantendo-se segurada ao casulo, como que num ato de despedida. As evidências dos ciclos da vida estão presentes também na instalação “Loka Marsupial”, onde pequenos seres habitam a bolsa de uma marsupial enquanto gemidos de outra natureza articulam novos sentidos. A instalação “sonho ser Zhuang Zhou” centra-se na narrativa de uma borboleta em repouso eterno sobre uma pequena cama de ferro.

Gabriela Gusmão é artista visual, com intervenções nos campos da fotografia e filme em suporte digital e analógico. Mestre em Estruturas Ambientais Urbanas pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP e graduada em Comunicação Visual pelo Departamento de Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio. Participa em exposições coletivas e individuais desde 2002, em diversas cidades do Brasil, além de Portugal, Espanha, França e Holanda. Participou em residências artísticas e apresentou o seu trabalho em palestras e congressos na Eslovénia, Itália, França, Espanha, Chipre e Turquia. Realizou diversas intervenções urbanas em espaços públicos e idealizou o projeto Urbanário. É autora dos livros Rua dos Inventos e Vírgula no Infinito. Atua também como fotógrafa, câmara e diretora de arte no campo audiovisual.

English version

“Zhuang Zhou, the taoist philosopher, once dreamt he was a butterfly, riding the wind across an open meadow. When he awoke, there was no wind, no meadow, and he had no wings. There was only a man asleep on a hard bed. He asked himself which was the dream, and which was reality. Am I a man dreaming of being a butterfly? Or a butterfly dreaming of being a man?” The poetic imagery of Zhuang Zhou’s dream inspires this exhibition of Gabriela Gusmão’s photographs, film and installations.

Metaphormosis: a process work in a poetic state between metaphor and dream. The Metaphormoses describe the beauty in metamorphosis and its movements. The first movement, the creeping, appears in the film “Pilar, the balancing worm”. The photographs in the “Perplexa” series refer to the second movement, the apparent non-action, the dream. During its deep sleep the chrysalis becomes a feathered creature. In the film, “Actinote Surima”, a butterfly resists the third movement, holding onto the cocoon as if saying a reluctant goodbye. Evidence of the cycles of life is also present in the “Loka Marsupial” installation. There, small creatures squirm in the pouch of a marsupial, to a soundtrack of groans from elsewhere in the natural world with their own, different, meaning. The “Dream of being Zhuang Zhou” installation centres around the narrative of a butterfly in eternal rest on a small iron bed.

Gabriela Gusmão is a visual artist, working primarily with analogue and digital photography and film. She has a masters’ degree in urban environmental structures from the Architecture and Urbanism faculty of the University of São Paulo (FAUUSP), and a bachelors’ degree in visual communications from the Arts and Design faculty of the Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Gabriela began her career as an artist in the 21st century, and since 2002 has exhibited her work in group and solo shows across Brazil, as well as in Portugal, Spain, France and the Netherlands. She has participated in art residencies and presented her work at conferences in Slovenia, Italy, France, Spain, Cyprus and Turkey. Gabriela has produced several urban interventions in public spaces, and conceived the Urbanário (Urbanarium) project. She is the author of the book Rua dos Inventos (Invention Street).

Publicado a 8 de Outubro de 2013

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SALTWORKS
Katy Beinart

Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!

Fernando Pessoa, Mensagem

Saltworks relaciona migração, regeneração e memória através do material e das qualidades metafóricas do sal. O sal é uma substância do quotidiano que contém múltiplas histórias, viagens e narrativas. O sal interliga um mercado em Londres com locais em Portugal, incluindo Aveiro, Figueira da Foz e Rio Maior, cruzando culturas e representando o movimento de diásporas passadas e presentes formadas a partir do comércio e da migração, e que ainda moldam as nossas cidades. O meu fascínio com o sal começou quando descobri que o meu bisavô Woolf Beinart tinha, depois de ter emigrado da Lituânia para a África do Sul, em 1903, montou uma empresa chamada Darling Salt Pans and Produce Co., colecionando e comercializando sal a partir de salinas naturais. Comecei a reparar em referencias ao sal em rituais, memória e preservação em diferentes culturas. Tornou-se um projeto a longo prazo, “Salted Earth”, que pensa o sal como poética da migração e do fazer de um local e faz uma ligação à representação de diversas vozes no processo de regeneração urbana.

Tendo ido viver para Londres, e explorando o Brixton Market, uma área que tem sido um íman e uma âncora para os emigrantes, entrevistei comerciantes que me contaram as suas histórias de emigração, provações e perdas, mas de encontro de um novo lar em Londres. Usando o sal como um índice do comércio e de trajetos de migração do mercado, documentei produtos e gravei narrativas. Um dos comerciantes, José, cujo pai tinha vindo de Portugal, em 1960, estava à frente do negócio da família, contou a estória do bacalhau salgado que vendiam aos portugueses, italianos, gregos e jamaicanos, entre outros. O desvelar da história do bacalhau salgado e da produção de sal levou-me a Portugal e aos mais antigos locais de produção de sal, mercados de peixe e portos de comércio.

Os trabalhos aqui apresentados, realizados através de trabalho de campo em Portugal e em residência artística na Fábrica Braço de Prata em Setembro 2013, são documentos das viagens de mercado em mercado, do passado para o presente e tentativas de captar não só a materialidade, mas também a poética do sal. Uma instalação recria as tecnologias da produção do sal, inalterada durante séculos, convida o espectador a refletir sobre a lenta transformação do processo de evaporação e cristalização – o ciclo de “seca” do sal demora normalmente 6-7 dias. O sal, colhido das Salinas de Aveiro e Figueira da Foz, imiscuem-se com a água recolhida do Tejo.

As fotografias de locais em Aveiro, Figueira da Foz e Rio Maior, foram produzidas usando o papel “salgado”, método inventado por Fox Talbot no final da década de 1830, nos primórdios da fotografia. Experienciamos o sal através do paladar, mas estas imagens oferecem uma nova perspectiva, onde o sal surge tanto como imagem como construtor de imagens. As imperfeições e materialidade do processo analógico fotográfico proporcionam uma reflexão diferente sobre o significado da imagem reproduzida. São documentos das qualidades do material e dos seus poderes, assim como da sua aparência, invocando fortes ligações à memória e à preservação contida na história do sal.

Imagens de slides interligam os peixes salgados e os produtos de peixe no Mercado de Brixton e no Mercado de Ribeira, em Lisboa. Ambos os mercados vivenciam os desafios das mudanças das cidades, estando as vivências e os modos de vida ameaçados.

Finalmente, um pequeno filme documenta os processos de produção de sal nas salinas atuais, em declínio desde o século passado devido aos novos processos de preservação e produção de sal industriais. O filme considera ainda as qualidades poéticas da produção do sal, a lentidão, as tecnologias imutáveis, o ecossistemas e todas as analogias à cultura e migrações. Vozes descrevem as ligações às migrações, estórias de perda e melancolia, evocadas na palavra portuguesa sem tradução “saudade”.

Agradecimentos: Frank Cartledge, João Machado, Cristina , Maria & João Osório, a família Perreira, Ani Teles, Fabrice Zeigler, Camilla Watson, Luís Pavão, Mariana Pestana e a equipa Close Closer.
Este projeto foi apoiado por fundos do Architecture Research Fund of the Bartlett School of Architecture, UCL, do UCL Graduate School Research Projects Fund e do Artists International Development Fund Award do Arts Council England.

English version

Saltworks links migration, regeneration, and memory through the material and metaphorical qualities of salt. Salt is an everyday substance which contains multiple histories, journeys and narratives. Salt links a market in Brixton, London with sites in Portugal including Aveiro, Figueira da Foz and Rio Maior, connecting cultures, and representing the movement of past and present diasporas which formed through trade and migration, and still shape our cities. My fascination with salt began when I discovered that my great-grandfather Woolf Beinart had, upon migrating from Lithuania to South Africa in 1903, set up a company called the Darling Salt Pans and Produce Co., collecting and trading salt from natural salt pans. I began to notice references to salt in ritual, memory and preservation in different cultures. This developed into a long term project, ‘Salted Earth’, which looks at salt as a poetics of migration and place-making, and connects this to the representation of diverse voices in urban regeneration processes.
Moving to London, and exploring Brixton Market, an area which has been a magnet and an anchor for those of a migrant background, I interviewed market traders who told stories of migration, hardship, and loss, but of finding a new home in London. Using salt as indexical to the trade and migration links of the market, I documented products and recorded narratives. One trader, Jose, whose father had come from Portugal in the 1960s, ran the family deli, and told the story of the salt cod they sold to Portuguese, Italian, Greeks, Jamaicans, and many others. Unravelling the history of salt cod and salt production brought me to Portugal, and the ancient sites of salt production, fish markets and trading ports. The works shown here, made through field research in Portugal and a studio residency at Fábrica Braço de Prata in September 2013, documents the journey from market to market, past to present, and attempts to capture both the materiality, and poetics of salt. An installation recreates technologies of salt production, unchanged for centuries, whilst also inviting the viewer to reflect on the slow change of evaporation and crystallization – the cycle of ‘drying out’ salt usually takes 6-7 days. The salt, collected from the salinas of Aveiro, and Figueira da Foz, mingles with water collected from the Tejo.
The photographs, of sites in Aveiro, Figueira da Foz and Rio Maior, are produced using the ‘salted paper’ method invented by Fox Talbot in the late 1830s, at the dawn of photography. We experience salt through taste, but these images offer another perspective, with salt as both image and as image constructor. The imperfections and materiality of analogue photographic processes offer a different meditation on the meaning of the reproduced image. They are documents to the material qualities and powers as well as the visual appearance, and they evoke the powerful connections to memory and preservation contained in salt’s history.
Slide images link salt fish and fish products in Brixton Market and the Mercado de Ribeira, Lisbon. Both markets are meeting the challenge of changing cities, as livelihoods, and ways of life, are threatened. Finally a short film documents the processes of making salt today in salinas, one which has seen a huge decline in the last century due to new methods of preservation and industrial production. The film also considers the poetic qualities of salt production, the slowness, the technologies that have not changed, the ecosystems that are supported, and the links to culture and migration. Voices describe links to migrations, stories of loss and longing, evoked in the untranslatable Portuguese word ‘Saudade’.
Thanks to: Frank Cartledge, Joao Machado, Cristina , Maria & Joao Osorio, the Perreira family, Ani Teles, Fabrice Zeigler, Camilla Watson, Luis Pavao, Mariana Pestana and the Close Closer team.
The project is supported by funding from the Architecture Research Fund of the Bartlett School of Architecture, UCL, the UCL Graduate School Research Projects Fund and an Artists International Development Fund Award from the Arts Council England.

Publicado a 8 de Outubro de 2013

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DDMMYY
Alena Kotzmannova

“Alena Kotzmannova fotografa cenas banais, extraídas subtilmente daquilo que a rodeia. Mesmo que muitas retratem situações e objetos que nos deixam uma impressão de estar perante algo irreal, sentimos um contacto imediato com o mundo presente através delas. Objetos comuns e ambientes tornam-se metáforas de sentimentos e estados de espírito, tornam-se linguagem de prosa subjetiva. As imagens de Kotzmannova diferem do fotojornalismo tradicional, mas também da fotografia conceptual dos anos de 1970 que suprimem intencionalmente qualquer resíduo estético da imagem. O seu trabalho é mais próximo do conceito de fotografia que derivou – qualquer destas disciplinas pode parecer longínqua uma da outra – da escultura contemporânea. Um representante deste conceito é, por exemplo, Gabriel Orozco. Apesar de Kotzmannova não encenar as situações fotografadas, ela aproxima-se do sujeito como se de uma instalação escultórica se tratasse. Esta, devido à sua natureza, tem de ser documentada. Também presente no seu trabalho está a narrativa: o objeto ou situação são resultantes de uma ação, que pode ser literalmente captada e trabalhada. Traduzir esta questão em palavras quebraria a tensão que a imagem contém. Um sonho descrito e analisado perde o seu poder.” Tomas Pospiszyl, in: Kotzmann, Fra and Kant, Praga 2012, págs. 273-274.
O título DDMMYY refere datação, captação de um certo momento no tempo, que pode ser uma data de nascimento ou um prazo de validade da era consume – um processo mecânico para marcar a passagem do tempo na civilização ocidental. A exposição DDMMYY apresenta uma série de trabalhos de Alena Kotzmannova, artista contemporânea checa, que trabalha fotografia, instalação de vídeo e instalações no espaço público. A exposição pode ser explanada pelas palavras que a artista escreveu sobre uma das suas séries: “A série Transmitter não é uma história verdadeira, ainda que a montagem das imagens e o seu carácter crie um ritmo que pode sugerir uma narrativa. Estático e dinâmico, perto e remoto, olhando para algo e para algures, dois lados da mesma moeda. Lembramo-nos das imagens que vemos ou olhamos para um tempo e local desconhecidos? Em qualquer dos casos, a série transmite estranhas vibrações.“

Para mais informações visite: http://kotzmannova.cz

Publicado a 27 de Junho de 2013

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ENQUANTO FALO, AS HORAS PASSAM
Heleno Bernardi

http://www.magneticamagazine.com/artigo/arte/entrevista-a-heleno-bernardi/

Entrevista a Heleno Bernardi à Magnética Magazine

Depois da sua intervenção artística com “corpos colchão” na escadaria principal do Hospital Júlio de Matos, a Magnética entrevistou o artista brasileiro Heleno Bernardi, para conhecer melhor o seu trabalho e a sua vida.

Heleno fala-nos um pouco do teu trajecto profissional como artista.
Atuo como artista há cerca de 10 anos.
Neste tempo, fiz muitos projetos de intervenção urbana. Me interessam as possibilidades de quebrar a impessoalidade de espaços públicos interferindo de forma desavisada e realizando intervenções que não sejam imediatamente identificadas como projetos de arte. Gosto da ideia de trabalhos que provoquem por sua existência, sem que se saiba, necessariamente, que foram pensados por um artista.

Em que consiste o projecto “Enquanto falo, as horas passam”?
É uma instalação realizada com uma centena de colchões que têm a forma de figuras em posição fetal.
Os corpos-colchão (como os chamo) são agrupados e encaixados entre si, criando um campo de relação e interação para o publico.
As questões centrais da obra são acolhimento, abrigo e desabrigo, buscando colocar em perspectiva a relação do corpo com o espaço urbano e com os outros corpos para criar territórios de reflexão e potencializar trocas afetivas, culturais e sociais.
Estes corpos-colchão sugerem tanto uma abordagem participativa e relacional, quanto de acontecimento espacial e escultórico.O trabalho é montado em espaços abertos, de passagem ou mesmo espaços fechados onde haja grande circulação de pessoas. Neste sentido, é sempre uma intervenção.

Como surgiu esta hipótese de vires a Portugal mostrar o teu trabalho?
Surgiu dentro da programação do Ano Brasil Portugal, projeto cultural entre os dois países com o objetivo de estreitar e aprofundar relações. No Brasil, a realização é da Funarte, Ministério da Cultura e Ministério das Relações Exteriores. Fui convidado pela diração do evento para montar este trabalho aqui justamente porque fala de aproximação, de trocas e interação. Apresentei a proposta ao Victor Pinto da Fonseca, da Plataforma Revólver, que generosamente o acolheu.

Vais apresentar o projecto no Hospital Júlio de Matos em parceria com a P28. Como será?
Mostrei o projeto ao Sandro Resende, que me convidou para conhecer o hospital, o trabalho que realizam com os pacientes e a P28. Fiquei bastante impressionado com a importância das atividades e seu alcance. Hoje, não cabe mais fazer separações dentro da arte a partir de critérios de saúde mental. No Brasil temos um exemplo icônico que é o Artur Bispo do Rosário. Sem dúvida, ele é um dos maiores artistas do país e, no entanto, passou 50 anos de sua vida como interno de um hospital psiquiátrico.
A escolha da escadaria principal do Júlio de Matos como lugar da realização se deu por simbolizar o encontro e a mistura entre pacientes e sociedade e que no passado já teve uma dinâmica bastante diferente. A ideia é apresentar o trabalho à comunidade do hospital e envolvê-la numa ação de ocupação e interação a partir dos colchões. A obra se dá ali, na hora.

Sabemos que já o apresentaste em mais locais. Como correu até agora?
O processo inicial do trabalho é a mesmo. Apenas coloco os corpos-colchão em algum lugar e deixo que eles provoquem as pessoas. Dependendo das características de cada espaço, do contexto social e urbano, vão surgindo situações muito próprias. Aqui em Lisboa o trabalho está sediado no Transboavista (Plataforma Revólver), que é o parceiro original do projeto. Em dias específicos, levei-o para o Cais do Sodré, para o Carpe Diem Arte e Pesquisa e para o Instituto Gulbenkian de Ciências. No Transboavista e no Carpe Diem o trabalho já estava inserido num contexto de arte contemporânea, o que deu uma partida naturalmente artística para o acontecimento. No Cais do Sodré, com muitos turistas no entorno, o trabalho se desenvolveu a partir da estranheza e da curiosidade. E teve uma dinâmica bastante divertida. Já no Instituto Gulbenkian de Ciências, houve apropriação da instalação para atividades de leitura, relaxamento, encontro de pessoas e experimentação corporal. E também muita reflexão sobre o conceito. Os pesquisadores colaboraram enormemente com questionamentos, proposições e divagações.

A cidade de Lisboa inspira-te?
Neste momento, não poderia estar em lugar melhor. Mesmo! Tenho experimentado um espírito muito acolhedor na cidade, o que é particularmente inspirador para este trabalho. O contato com as pessoas e instituições tem sido muito fluido. Cheguei aqui com uma instituição programada para receber o trabalho e, em poucos dias, fui apresentado a outras e a muitas pessoas que têm feito o projeto avançar. Susana Anágua, Cristina Filipe, Victor Pinto da Fonseca, Lourenço Egreja, Sandro Resende e Inês Domingues, entre outros, me ajudaram muito nisso. O que tem tudo a ver com o conceito da obra de ir se desenvolvendo organicamente a partir do encontro.

Que artistas brasileiros destacas no momento?
Chelpa Ferro, a dupla Franz Manata/Saulo Laudares, Rodrigo Braga, Marta Jourdan, Ângelo Venosa, Eduardo Berliner, Claudia Hersz, Henrique Oliveira e José Rufino.

Por Bruno Pereira /// www.magneticamagazine.com

Publicado a 7 de Junho de 2013

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BURNOUT
Orlando Franco

BurnOut é o título do último projecto de Orlando Franco a ser apresentado na Plataforma Project 2. O artista explora, um
conjunto de linhas de abordagem e caminhos possíveis, em torno do tema, ao qual se auto impôs. A exposição apresenta,
objectos e imagens, que reformulam questões e premissas de acção suspensa.
Este projecto desvenda um universo pré-existente de pensamentos, discursos, processos inerentes ao trabalho do artista.
Repisados e repensados de forma exaustiva, com intensidades pico, ora pacíficos, ora não. Através deste conjunto de
imagens e objectos propõe questionar um ambiente (interior/exterior) apropriadamente designado por Burnout, um
estado associado a uma acção repetitiva com diferentes graus de intensidade, culminados num extremo que criam, dão
lugar a outro estado, com manifestações i/materiais. O efeito, a marca, a suspensão, a evidência entre estes dois estados,
o rasto da sua passagem, são imagens que o artista dá a ver a um espectador disposto.
Burnout é o termo de eleição, proposto pelo artista não como título da exposição, mas como algo que define um universo
particular pré-existente, de uma problematização com dimensões físicas e conceptuais. Para ele todo o processo é um
Burnout. Seja um processo direccionado para a obra em si, seja inclusive para o acto de revelar, de dar à luz um conjunto
de obras num acto público e expositivo. Nesta exposição presenciamos um questionamento sobre algo que se antevê o
seu culminar, com olhos fixos no seu percurso que pensamos já conhecer. Todos os detalhes são um somatório de acontecimentos
potenciados pelo contexto, muitos dos quais já exercem uma acção de domínio e de um poder pré-existente.
Sem fuga. No seu espaço expositivo e encenação procura não deixar indiferença ao peso, á pressão que paira e atinge o
espectador com a ideia de um ato pungente, doloroso, condicionado e repetido, uma vez mais. As narrativas de um ato,
que se transformam em algo que pode remeter, ainda que vagamente, para uma poesia visual.
Do domínio da máquina, da manipulação da imagem nascem desenhos, sonoridades, novas imagens, que nos falam da
metáfora daquele gesto e do seu tempo. O artista cria um percurso imaginário e convidativo que leva o espectador a
percorrer a distância imaterial da acção/gesto e do seu efeito, da sua impressão/marca. A máquina, o homem ou o animal
surgem como sujeitos da acção, da acção que nos distrai pela sua repetição, e nos surpreende com a sua marca.
O artista apresenta um conjunto de obras que passam pelos meios do desenho, fotografia, escultura e vídeoinstalação.
O vídeo Untitled (Wind) conta com a colaboração de Cláudia Efe que interpreta e produz a composição sonora.
Rita Firmino de Sá, Maio 2013

Publicado a 7 de Junho de 2013

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Publicado a 10 de Março de 2013

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ROSA DE PAU
Clementine Carsberg e Sofia Aguiar
07 março – 24 abril 2013

Para a Plataforma Revolver Sofia Aguiar (Lisboa) e Clementine Carsberg (Marselha) concebem “Rosa de Pau”. Os trabalhos das duas artistas, unem-se nalguns pontos comuns
como a apresentação de vestígios de passado no presente. Clementine Carsberg e Sofia Aguiar realizaram conjuntamente Open Studios em Marselha, Lisboa e Dublin e é com
esse ponto de partida que concebem, agora, este projecto.
Sofia Aguiar retoma as suas vitrinas que acaba de apresentar na Bienal do Benin. A vitrina do Benin permanecerá neste pais africano fazendo parte da colecção da Fondation
Zinsou. Como esta, a colecção de Lisboa remete para os antigos cabinets de curiosités em que pinturas, objectos de colecção e outros elementos se juntam num universo
ambivalente e conflituoso.
Clementine Carsberg desenvolve sugestões de histórias desfasadas no tempo onde apresenta vestígios, obras efémeras, sobreposições de elementos e formas que evocam a memória, o lugar e a história do mesmo. Realiza, aqui, um trabalho sítioespecífico, na linha das suas anteriores intervenções no espaço, a que chama “Segredos de Família”, criando formas com materiais de algum modo ligados à habitação. A escala é mantida dando lugar a arquitecturas de estrututuras integradas na própria arquitectura do lugar de exposição.

Entrada livre. Visitas por marcação. De quarta a sábado das 14:00 às 19:00.

Publicado a 9 de Março de 2013

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Publicado a 7 de Março de 2013

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Alice Gadrey

Ver uma paisagem de cima para baixo, do céu à terra e vice-versa. Em Lisboa, o caminho termina
na água… Em Lisboa, as estrelas estão no chão e os ladrilhos no ar.
A partir de vestígios da cidade, de fluxos, Alice Gadrey traz-nos uma melodia de seus pensamentos.

A exposição apresenta o resultado da residência artística realizada na Plataforma Revólver (com a duração de um mês) da artista francesa Alice Gadrey, num intercâmbio com a Association Château de Servières.

Publicado a 16 de Novembro de 2012

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OPERA

Nick Crowe e Ian Rawlinson

The Opera investiga a mediação de relações de poder através do idioma e da tradução, no contexto das questões sobre estética da linguagem e imagem como expressão do poder ideológico.

O arco narrativo da exposição The Opera é construído a partir de frases retiradas de um curso de linguagem militar desenvolvido em formato para IPod para soldados americanos como preparação para o destacamento em territórios estrangeiros. O elemento audio de cada frase foi analisado como base para compor a partitura musical. Utilizando software autotune os avatars foram formatados para cantar as suas deixas.

Enquanto a narrativa literal é restrita pelas simples frases de base, a narrativa emocional prolífera através de um desenvolvimento musical baseado em estruturas melódicas dentro dos idiomas exitentes. Partes do trabalho utilizam imagens de soldados e civis provenientes de meios de comunicação que foram aplicadas aos rostos dos avatars, situando os protagonistas no contexto de eventos nas actuais zonas de conflito apresentadas pelos média. Enquanto a fonte do material funciona como um livro de frases militar, também opera dentro de um reino de fantasia, detalhando situações que podem ocorrer, como por exemplo, uma China ocupada.

Nick Crowe e Ian Rawlinson, 2012

Publicado a 16 de Novembro de 2012

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